
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete aliados de seu governo podem enfrentar penas que, somadas, chegam a 43 anos de prisão. O cálculo considera a aplicação das condenações máximas para cada um dos cinco crimes pelos quais respondem no Supremo Tribunal Federal (STF). O julgamento do chamado Núcleo crucial começa nesta terça-feira (2) na Primeira Turma da Corte.
A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) pede que, em caso de condenação, as penas de cada delito sejam somadas. Entre os acusados estão ex-ministros, ex-comandantes das Forças Armadas e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Quem está no banco dos réus
Serão julgados pelo STF:
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.
Todos são apontados como integrantes do núcleo central da tentativa de golpe de Estado.
As penas previstas
De acordo com a legislação, as condenações possíveis para os réus são:
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito: de 4 a 8 anos;
- Tentativa de golpe de Estado: de 4 a 12 anos;
- Participação em organização criminosa armada: de 3 a 8 anos, podendo chegar a 17 anos em caso de agravantes como uso de armas de fogo e envolvimento de agentes públicos;
- Dano qualificado: de 6 meses a 3 anos;
- Deterioração de patrimônio tombado: de 1 a 3 anos.
Somadas as penas máximas, o total alcança 43 anos. No entanto, a fixação final depende da avaliação dos ministros do STF, que consideram fatores individuais de cada réu, como idade, antecedentes, grau de participação e circunstâncias específicas do crime.
Progressão de regime e limite legal
Mesmo em caso de condenação com penas elevadas, os acusados não cumpririam necessariamente todo o tempo em regime fechado. A lei brasileira prevê a progressão de regime, permitindo que o condenado passe do regime fechado ao semiaberto conforme critérios como bom comportamento, estudo ou trabalho no presídio.
Outro ponto relevante é que, pelo Código Penal, a pena máxima de prisão no Brasil não pode ultrapassar 40 anos, ainda que a soma das condenações seja superior.
O que dizem as defesas
Caso haja condenação, os advogados dos oito réus poderão recorrer para tentar reduzir as penas ou anular a decisão. A defesa sustenta que não houve tentativa de golpe de Estado, mas sim manifestações políticas interpretadas de forma distorcida.
Entenda os cinco crimes em análise
Bolsonaro e seus aliados respondem por cinco acusações principais:
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito: tentativa de abolir o regime democrático com violência ou grave ameaça, impedindo o exercício dos poderes constitucionais.
- Tentativa de golpe de Estado: tentativa de depor, com violência ou ameaça, o governo legitimamente constituído.
- Participação em organização criminosa armada: integração a grupo de quatro ou mais pessoas, com uso de armas e divisão de tarefas para cometer crimes.
- Dano qualificado: destruição ou deterioração de patrimônio da União, gerando prejuízos significativos.
- Deterioração de patrimônio tombado: destruição ou dano a bem protegido por lei ou decisão judicial.
O julgamento do Núcleo crucial será um dos mais relevantes do STF nos últimos anos, definindo a responsabilidade de parte da cúpula do governo Bolsonaro nos atos que buscavam abalar as instituições democráticas brasileiras.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/bolsonaro-e-aliados-repondem-por-cinco-crimes-e-podem-pegar-ate-43-anos-de-prisao-em-julgamento-no-stf-veja-quem-esta-no-banco-dos-reus/