9 de setembro de 2025
Bolsonaro prepara pedido para cumprir pena em prisão domiciliar, caso
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) planeja solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de cumprir eventual pena em prisão domiciliar, caso seja condenado no julgamento sobre a trama golpista de 8 de janeiro de 2023, informa a Folha de S. Paulo. O julgamento, que ocorre na 1ª Turma da Corte, deve ser concluído nesta sexta-feira (12).

A soma das penas previstas nos crimes imputados ao ex-presidente pode ultrapassar 40 anos. Mesmo assim, aliados afirmam que a estratégia da defesa é encerrar rapidamente os recursos e centrar esforços no pedido de permanência em regime domiciliar, amparado em alegações de saúde.

Bolsonaro já se encontra em prisão domiciliar desde agosto, por descumprir medidas cautelares determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes.

Saúde como argumento central

A defesa sustenta que o quadro clínico do ex-presidente — marcado por crises recorrentes de soluço e vômitos — impossibilitaria o cumprimento de pena em regime fechado. Interlocutores próximos afirmam que o risco de agravamento de saúde e até de morte seria politicamente insustentável.

O ex-presidente não compareceu às sessões de julgamento no STF, justificando a ausência por motivos médicos. “As sessões eram muito longas, ele não aguentaria permanecer o tempo todo no tribunal”, relatam aliados.

No último dia 8, seus advogados solicitaram a Moraes autorização para a realização de um procedimento cirúrgico na pele, marcado para o próximo domingo (14). O objetivo é investigar manchas que surgiram no corpo do ex-presidente, com retirada de pintas para biópsia. Em 2019, Bolsonaro já havia feito procedimento semelhante, cujo resultado foi negativo.

Na época, ele minimizou a preocupação: “Não deu nada. Se fosse câncer, qual o problema? Falaria. Foi câncer? Tem que cortar a orelha? Tira, pô. Não estou preocupado com isso”.

Declarações de aliados e familiares

O estado de saúde de Bolsonaro tem sido constantemente ressaltado por políticos próximos. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou: “Eu que acompanho o dia a dia dele, que ele sofre o tempo todo com soluço, passando mal, vomitando. Se [os ministros do STF] botarem ele na cadeia, é porque querem matar o Bolsonaro. Eu espero que não exista esse espírito no Supremo, de querer matar o presidente”.

Segundo Nogueira, o ex-mandatário estaria em situação ainda mais delicada do que em 2022, quando enfrentou erisipela e crises de depressão após a derrota eleitoral. “Está triste. Não está se alimentando bem. Isso é uma preocupação que eu tenho. Ele está muito debilitado. Tirar o celular do Bolsonaro, que é o tempo todo se comunicando. E uma das coisas que mais dava vitalidade a ele é a rua”, disse o ex-chefe da Casa Civil.

O filho Carlos Bolsonaro (PL-RJ) também relatou a fragilidade do pai: “O velho [Bolsonaro] está magro, não tem vontade de se alimentar e segue enfrentando intermináveis crises de soluço e vômitos. Dói demais ver tudo isso, mas sinto como obrigação compartilhar um pouco da realidade do momento com todos que estão sofrendo junto conosco”.

Situação atual e expectativas

Relatos de visitas de familiares e aliados descrevem um Bolsonaro abatido, indignado e desanimado. Apesar disso, alguns tentaram destacar sinais de serenidade. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou que o encontrou tranquilo, embora ainda enfrentando crises de soluço. Já o presidente do PL declarou que, “se estivesse livre, ele sarava na hora. O estado moral dele é por causa disso”.

O próprio Bolsonaro já declarou publicamente que considera a condenação inevitável. Em entrevista concedida em março, disse que uma prisão representaria “o fim da sua vida”.

Com a proximidade da decisão do STF, o destino do ex-presidente pode abrir um novo capítulo não apenas em sua trajetória política, mas também no cenário institucional do país.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/bolsonaro-prepara-pedido-para-cumprir-pena-em-prisao-domiciliar-caso-seja-condenado/