
A manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste domingo, 29, na Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu 12,4 mil pessoas no momento de maior concentração, por volta das 15h40. A estimativa é do grupo “Monitor do Debate Político”, vinculado ao Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), da Universidade de São Paulo (USP), e à ONG More in Common. O levantamento, divulgado originalmente pelo grupo de pesquisadores, conta com margem de erro de 1,5 mil pessoas para mais ou para menos.
O número representa uma queda expressiva em relação ao ato anterior organizado no mesmo local, no dia 6 de abril deste ano, quando 44,9 mil pessoas participaram do protesto em defesa da anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, informa O Globo.
Naquela ocasião, o próprio Bolsonaro acabara de se tornar réu por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF). A mobilização deste domingo, batizada de “Justiça Já”, teve apoio do pastor Silas Malafaia e de lideranças evangélicas, e ocorreu em um contexto de avanço das investigações contra o ex-presidente e aliados próximos.
Aliados de Bolsonaro minimizam baixa adesão
Antes de subir no carro de som, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Malafaia minimizaram a baixa adesão. Flávio argumentou que o impacto da manifestação se daria pelas redes sociais, enquanto o pastor ironizou: “Lula não coloca nem metade disso nas ruas”. Já o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), também presente, mencionou o fim do mês e jogos de futebol como possíveis fatores que teriam reduzido o público.
Apesar do tom desafiador, os números sinalizam um arrefecimento da mobilização bolsonarista nas ruas. O grupo de pesquisa da USP, coordenado por Pablo Ortellado e Márcio Moretto, utiliza tecnologia de drones e um software de contagem de pessoas com base em imagens aéreas, desenvolvido por acadêmicos chineses. A ferramenta tem precisão de 72,9% e acurácia de 69,5% na identificação de indivíduos, o que justifica a margem de erro estabelecida. O banco de imagens e dados está disponível para verificação pública.
O histórico de mobilizações promovidas por Bolsonaro mostra picos de adesão mais expressivos em momentos específicos. A maior concentração registrada pelo grupo da USP foi em 24 de fevereiro de 2023, quando cerca de 185 mil apoiadores se reuniram na mesma Paulista em resposta às investigações da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe. Em 7 de setembro do mesmo ano, durante o feriado da Independência, o ex-presidente atraiu 45,4 mil pessoas. Em março de 2025, em Copacabana, o protesto pró-anistia mobilizou 18,3 mil manifestantes.
As comemorações do 7 de Setembro, aliás, foram recorrentemente utilizadas por Bolsonaro como palanque político. Em 2021, ainda no exercício da Presidência, ele chamou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de “canalha” e ameaçou desobedecer decisões judiciais. No ano seguinte, transformou a data em ato de campanha no Rio de Janeiro, o que lhe rendeu uma condenação por abuso de poder político e econômico. Em decorrência do episódio, foi declarado inelegível pela segunda vez, em 2023.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/bolsonaro-reune-124-mil-pessoas-em-ato-na-paulista-um-terco-da-manifestacao-anterior/