24 de novembro de 2025
Bonde Urbano Digital começa a operar no Paraná em dezembro
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O Paraná promete dar um novo passo rumo ao futuro da mobilidade urbana com a chegada do Bonde Urbano Digital (BUD), um veículo 100% elétrico, guiado por sensores e sistemas de condução magnética que dispensam os trilhos tradicionais. A inovação, inédita na América do Sul, foi trazida ao estado pela Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (Amep), e funcionará em uma rota, para testes.

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Inspirado no modelo chinês Digital Rail Transit (DRT), o Bonde Urbano Digital combina características dos sistemas de BRT (na tradução, transporte rápido por ônibus) e VLT (veículo leve sobre trilho), oferecendo alta capacidade de transporte, conforto e custos de implantação considerados como reduzidos. O veículo será testado inicialmente no trecho entre os municípios de Pinhais e Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, onde as obras de sinalização e instalação dos magnetos começaram.

O órgão confirmou o início da operação para o próximo dia 9 de dezembro. Os testes de movimentação do BUD estão sendo realizados na área do antigo autódromo de Pinhais. Em paralelo, avança a implantação dos magnetos e da sinalização no percurso entre os terminais São Roque (Piraquara) e Pinhais.

Segundo o presidente da Amep, Gilson Santos, a iniciativa é resultado de uma política estadual voltada à pesquisa e ao uso de novas tecnologias. “O BUD representa o compromisso do Paraná em buscar soluções inovadoras que tornem o transporte público mais eficiente e sustentável. Ele nos coloca em posição de destaque no cenário nacional e internacional”, acredita.

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Modelo engloba promessas de tecnologia, eficiência e menor impacto ambiental

Diferente dos VLTs convencionais, o Bonde Urbano Digital utiliza um sistema de condução magnética, em que ímãs instalados na via são detectados por sensores que guiam o veículo de forma autônoma. Essa tecnologia reduz a necessidade de obras estruturais e permite a operação em vias compartilhadas, com menor custo e tempo de implantação.

O modelo que chegou ao Paraná possui três módulos e pode transportar até 280 passageiros. O sistema permite acoplamento de novos módulos, podendo alcançar capacidade de 600 passageiros. Além de ser 100% elétrico, o BUD utiliza supercapacitores no lugar de baterias de lítio, o que gera menor impacto ambiental no descarte, ao fim da vida útil.

Interior do Bonde Urbano Digital oferece conforto e capacidade ampliada, lembrando os tradicionais metrôs.Interior do Bonde Urbano Digital lembra os tradicionais metrôs. (Foto: Divulgação/Amep)

De acordo com Santos, o veículo alia sustentabilidade e desempenho. “Durante o período de testes, vamos monitorar a redução nas emissões de gases e ruídos. Já sabemos que o BUD é mais silencioso, consome menos energia e tem manutenção simplificada em comparação com outros sistemas de transporte”.

Outro destaque apontado é a viabilidade econômica. O custo de implantação pode ser até três vezes menor que o de um VLT tradicional, tornando o modelo atrativo para cidades de porte médio que enfrentam limitações orçamentárias.

“É uma alternativa para trechos de média-alta demanda, onde o sistema de BRT já não consegue atender plenamente. Em locais menores, o BRT e o ônibus convencional continuarão sendo fundamentais”, explica o presidente da Amep.

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Bonde Urbano Digital é aposta do Paraná em mobilidade urbana

A presença do Bonde Urbano Digital na “Arena ANTP 2025”, o maior congresso de mobilidade urbana do país, marcou a estreia do projeto no cenário nacional. O veículo, que iniciará em teste na região de Curitiba, foi o destaque do estande do governo do Paraná e tema do painel “Bonde Urbano Digital: inovação tecnológica na Região Metropolitana de Curitiba”, apresentado por Gilson Santos.

O evento reuniu gestores públicos, pesquisadores e especialistas do Brasil e do exterior. “Estamos sendo procurados por governos de vários estados e até de outros países, como Argentina e Costa Rica, interessados em conhecer a tecnologia. Essa troca de experiências é fundamental para aprimorarmos o modelo e entender como ele pode se adaptar a diferentes realidades urbanas”, comenta Santos.

O início da operação experimental é visto como um laboratório vivo para a formação de profissionais e técnicos locais em tecnologias de transporte limpo. Um ponto em estudo é a possibilidade de expansão do Bonde Urbano Digital para outros eixos metropolitanos e cidades paranaenses.

Segundo Gilson Santos, novas rotas poderão ser avaliadas após o término da fase de testes. “Queremos concluir os estudos e consolidar os resultados dessa primeira etapa antes de decidir novos trechos. Mas é inegável que o BUD abre uma porta para repensar o transporte público em várias regiões do Paraná”, destaca.

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/parana/bonde-urbano-digital-inicio-operacao-dezembro-pr/