O agora ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos (Psol-SP) deu forte tom político à sua posse no governo de Lula. Em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, o ativista pediu um minuto de silêncio pelas “vítimas” da operação policial no Rio de Janeiro.
Lula anunciou no dia 20 de outubro o deputado federal Boulos (PSOL-SP) como substituto do ministro Márcio Macêdo. A posse foi mantida mesmo com a crise de segurança no Rio de Janeiro, após operação deixar mais de 120 mortes nesta terça (28). O presidente Lula não discursou.
VEJA TAMBÉM:
“Todos estamos acompanhando o que aconteceu no Rio de Janeiro… Queria pedir que fizéssemos um minuto de silêncio por todas as vítimas… policiais… moradores… todos eles”, disse Boulos, sem fazer distinção entre culpados e inocentes.
Mais adiante em seu discurso, Boulos tratou de dar tom de campanha ao seu discurso e alfinetou o principal centro empresarial do país, associando Faria Lima ao crime organizado.
“Tenho orgulho de estar em um governo com um presidente que sabe que a cabeça do crime organizado deste país não está em um barraco na comunidade, muitas vezes está na Faria Lima”, disse Boulos.
Ainda em tom de campanha eleitoral, o ativista disse que terá como missão dialogar com entregadores de aplicativo, com motoristas de Uber, e falar com “católicos, com evangélicos e todas as religiões”.
Boulos ainda chamou de “vergonhosa” a escala 6 x 1 e puxou um coro de “sem anistia”, dizendo que só não conversa com quem “não quer a soberania do Brasil”.
Ministro “da rua”
O paulista entrou no governo para melhorar o diálogo com as camadas mais populares, um campo de atuação do parlamentar desde que era bastante jovem. A inclusão de Boulos no ministério é uma estratégia de Lula para conter críticos dentro de sua própria base, incluindo alguns setores da esquerda que defendem uma maior aproximação do governo das classes mais populares.
Após assumir o cargo, Boulos declarou que sua missão é “colocar o povo na rua”. “Vou viajar para todos os estados, vou rodar o país e conversar com os movimentos sociais, com o povo.”
A Secretaria-Geral é a pasta responsável pela interlocução do governo com movimentos sociais. Foi considerada um sucesso a mobilização da esquerda contra o Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que imunizava o Congresso Nacional contra o Supremo Tribunal Federal.
Formado em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (USP), Boulos tem uma trajetória marcada pela defesa de pautas da esquerda. Com um perfil combativo, integra o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) desde os 20 anos.
Ele acumula polêmicas à frente do movimento social, somando processos judiciais, abordagens policiais com desacatos e até detenções. Confrontando autoridades públicas e policiais militares, ganhou a pecha de “invasor de propriedade” por seus adversários e também a de que “nunca trabalhou”.
Coordenador nacional do MTST por muitos anos, Guilherme Boulos tentou ser presidente em 2018, quando somou 600 mil votos, e disputou o cargo de prefeito da capital paulista nas eleições de 2020 e 2024, alcançando mais de 2 milhões de votos em cada uma delas.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/boulos-da-tom-de-campanha-a-posse-como-ministro-de-lula-e-pede-silencio-por-mortos-no-rio/

