O general Braga Netto, que foi ministro da Casa Civil e da Defesa durante o governo Bolsonaro, divulgou nota neste sábado (23) por meio de sua defesa jurídica, reafirmando sua lealdade ao ex-chefe de Estado. Ele, Bolsonaro e outros 35 homens, em sua maioria militares, foram indiciados pela Polícia Federal nesta semana sob acusações de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Na nota publicada nas redes sociais, a defesa de Braga Netto destacou que ele foi “um dos poucos, entre civis e militares, que manteve a lealdade ao Presidente Bolsonaro até o final do governo, em dezembro de 2022, e a mantém até os dias atuais”. A lealdade, segundo o texto, está fundamentada em “valores e princípios inegociáveis” compartilhados com o ex-presidente.
O comunicado também enfatiza que o general “sempre pautou sua conduta pela ética, moralidade e pela busca de soluções legais e constitucionais”. A defesa manifestou confiança no esclarecimento dos fatos ao longo do processo judicial. “A observância dos ritos do devido processo legal elucidarão a verdade dos fatos e as responsabilidades de cada envolvido nos referidos inquéritos, por suas ações e omissões”.
Braga Netto ainda reforçou que “nunca se tratou de golpe e muito menos de plano de assassinar alguém”, negando as acusações de conspiração violenta ou planejamento de atentados contra figuras de destaque do governo atual.
Segundo investigação da PF, o plano de tomar o poder e manter Bolsonaro na presidência envolvia matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no fim de 2022.
Ex-ministro e candidato a vice na chapa à reeleição de Bolsonaro teria atuado na incitação contra membros das Forças Armadas que não aderiram à tentativa de golpe, conforme apuração da PF. Mensagens mostram que ele ordenou críticas aos então comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior.
Além disso, a casa de Braga Netto foi usada para reunião no dia 12 de novembro de 2022 na qual, segundo a PF, foi discutido o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes. De acordo com a investigação, o monitoramento do ministro do STF começou a ser feito “logo após a reunião”.
Também depois desse encontro, os investigadores descobriram que os militares à frente do plano compartilharam um documento com uma estimativa de gastos para “possivelmente viabilizar as ações clandestinas que seriam executadas”.
As investigações identificaram ainda que o grupo alvo da operação previa que Braga Netto e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno ficassem no comando de um “gabinete de crise”. Documentos apreendidos pelos investigadores apontam que a ideia era que esse gabinete fosse formado imediatamente após os assassinatos serem concretizados.
A Polícia Federal também aponta Braga Netto como elo entre o ex-presidente e integrantes dos acampamentos montados em frente aos quartéis do Exército que pediam intervenção militar após a vitória de Lula.
A apuração tem como base a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. De acordo com o relato dele à PF, Braga Netto costumava atualizar Bolsonaro sobre o andamento das manifestações golpistas e fazia um elo entre o ex-presidente e integrantes dos acampamentos antidemocráticos.
Em nota divulgada na quinta-feira, a defesa do general repudiou a difusão de informações do inquérito e disse que aguardaria o recebimento oficial “dos elementos informativos para adotar um posicionamento formal e fundamentado”.
Com informações de O Globo.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/braga-netto-afirma-que-foi-um-dos-poucos-entre-civis-e-militares-a-manter-fidelidade-a-bolsonaro-ate-os-dias-de-hoje/