Uma das prioridades do Brasil na presidência dos Brics este ano ameaça escalar a tensão do bloco com os Estados Unidos, que serão liderados por Donald Trump a partir do dia 20 deste mês.
Os brasileiros declararam a vontade de estabelecer, neste mandato rotativo à frente do bloco internacional, uma moeda própria para as nações participantes, que pudesse substituir o dólar nas transações comerciais entre os membros.
Isso facilitaria o comércio entre os países que fazem parte dos Brics, avaliam defensores da ideia. No Brasil, o dólar está empilhando altas e fechou o último ano na marca histórica acima de R$ 6.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pontuou que o meio de pagamento exclusivo do Brics “não se trata de substituir nossas moedas. Mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional”. Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, explicou a medida como uma forma de “fazer o comércio entre os países de forma mais célere e menos custosa”.
Apesar da administração de Joe Biden adotar a postura de não rivalizar com o bloco, Trump já se colocou contra a ideia antes mesmo de assumir a presidência dos Estados Unidos novamente.
No fim de novembro, o futuro mandatário estadunidense escreveu em tom de ameaça: “A ideia de que os países Brics estão a tentando se afastar do dólar enquanto nós ficamos parados e observamos acabou. Exigimos um compromisso destes países de que não criarão uma nova moeda do Brics, nem apoiarão qualquer outra moeda para substituir o poderoso dólar americano”.
“Dólar ou eles enfrentarão tarifas de 100% e deverão dizer adeus às negociações com a maravilhosa economia americana. Eles podem procurar outro otário! Não há hipótese de o Brics substituir o dólar americano no comércio internacional, e qualquer país que tente deve dar adeus à América”, afirmou o presidente eleito dos EUA.
A intimidação parece não ter mudado a prioridade do Brasil, que assumiu a liderança dos Brics na quarta-feira (1º/1) e reiterou o foco em lançar a moeda própria do grupo ainda neste mandato rotativo.
Além disso, os brasileiros colocaram como meta “fortalecer o Brics como instituição” e promover debates sobre a reforma da governança global, ou seja, incluir países tidos como subdesenvolvidos no centro de instituições importantes, como nos assentos permanentes de conselhos da Organização das Nações Unidas (ONU).
Quem está no Brics?
A primeira formação do Brics — da qual veio a sigla do bloco — é Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa). Recentemente, mais membros aderiram: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.
Com informações do Metrópoles.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/brasil-lidera-os-brics-em-2025-sob-o-risco-de-guerra-tarifaria-com-trump/