18 de outubro de 2025
Rebanho bovino é maior que população do Brasil
Compartilhe:

O rebanho bovino do Brasil é maior que o número de pessoas no país. Dados de 2024 da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o país abriga 238,2 milhões de cabeças de bovinos. O número é 12% maior que a população brasileira, estimada em 212,6 milhões de habitantes.

O levantamento do IBGE detalha o cenário dos rebanhos e da produção de alimentos de origem animal. Entre os bovinos, a produção recuou 0,2% em relação a 2023, por causa do aumento no abate de fêmeas. Ainda assim, o total de bovinos é o segundo maior desde 1974.

Analista da pesquisa, Mariana Oliveira explica que a redução é parte do ciclo natural da pecuária. “Há alguns anos, o abate de fêmeas está elevado, em função dos preços do bezerro e da arroba que, dessa forma, desestimularam a retenção de fêmeas para reprodução.”

De acordo com o IBGE, houve um crescimento de 3,3% nos abates de bovinos no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2024, para 10,40 milhões de cabeças. Na comparação com o primeiro trimestre, a alta foi de 5,4%. Já a produção de carne bovina, medida em carcaças, avançou 1% na mesma comparação, para 2,63 milhões de toneladas.

Por sua vez, a produção de leite atingiu recorde histórico. Foram 35,7 bilhões de litros, alta de 1,4% em relação ao ano anterior, movimentando R$ 87,5 bilhões. Mesmo com o avanço, o número de vacas ordenhadas caiu ao menor nível desde 1979, sinal de maior produtividade.

Estados com maior rebanho bovino

  • Mato Grosso – 32,9 milhões de cabeças de gado
  • Pará – 25,6 milhões de cabeças de gado
  • Goiás – 23,2 milhões de cabeças de gado
  • Minas Gerais – 22 milhões de cabeças de gado
  • Mato Grosso do Sul – 18,7 milhões de cabeças de gado

Fonte: IBGE

Abate de fêmeas e avanço das exportações redesenham o ciclo dos bovinos no país. (Foto: Bruno Cecim/Agência Pará)

Carne de vaca é mais comum na mesa do brasileiro

Nem toda carne consumida no país vem do boi. “A carne de vaca é a mais comum nas mesas brasileiras”, explica Urbano Gomes, médico veterinário da Embrapa. Segundo ele, os machos são voltados para exportação, enquanto as fêmeas abastecem o mercado interno.

De acordo com o especialista, a diferença de sabor é quase imperceptível. O boi, por sua vez, produz carne mais nobre por engordar mais lentamente. Esse aspecto, portanto, influenciou o aumento do abate de fêmeas, que superou o de machos no segundo trimestre pela primeira vez desde o início da série histórica, em 1997.

Em relação aos números, o abate de fêmeas cresceu 16% em comparação com o mesmo período de 2024. Somando vacas e novilhas, as fêmeas representaram 33% dos abates. No geral, o abate de bovinos subiu 3,9%.

Segundo a gerente de Pecuária na coordenação de Estatísticas Agropecuárias do IBGE, Angela Lordão, esse avanço decorre da maior demanda por exportações. “O abate de animais jovens também foi recorde, especialmente novilhas (33%), impulsionado pela demanda de exportação. Apesar da queda do abate total em Mato Grosso, estado líder no abate de bovinos, o abate de fêmeas no estado permaneceu superior ao registrado no mesmo período do ano anterior”.

VEJA TAMBÉM:

  • vaca Carina, a mais cara do mundo

    Genética de ouro: vaca Nelore de R$ 24 milhões eleva padrão da pecuária brasileira

Conab prevê queda na produção da carne bovina em 2026

Mesmo com o tarifaço imposto pelos EUA à exportação de uma série de produtos nacionais, o Brasil manteve o crescimento nas vendas externas. Os Estados Unidos caíram da segunda para a quinta posição entre os maiores compradores, enquanto o México ampliou as importações.

De janeiro a julho, o país importou três vezes mais carne brasileira do que no mesmo período em 2024, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que prevê aumento de 12% nas exportações totais do produto neste ano. Já a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta queda de 3,5% na produção do próximo ano, reflexo da contenção de fêmeas para reprodução — etapa típica do ciclo dos bovinos.

Para 2026, a expectativa é de uma queda de 3,5% na produção de carne bovina no país, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).Para 2026, a expectativa é de uma queda de 3,5% na produção de carne bovina no país, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). (Foto: Bruno Cecim/Agência Pará)

Segundo trimestre foi marcado por abate de novilhas

O ciclo da pecuária é composto por duas fases. Quando o preço do bezerro tende a subir, os pecuaristas retêm as vacas para reprodução, o que eleva as cotações. E então, quando os preços caem, as fêmeas voltam ao abate, ampliando a oferta e reduzindo o valor da carne.

A ideia de que a vaca só vai para o abate no fim da vida produtiva é falsa. Existem criadores especializados em bovinos de corte voltados exclusivamente para carne, explica o veterinário da Embrapa. As vacas engordam mais rápido e exigem menos pasto ou ração. O boi, por outro lado, tem ganho mais lento e custo maior, o que valoriza seu preço final.

Por isso, as novilhas são abatidas em número superior aos novilhos. No segundo trimestre deste ano foram 1,7 milhão de novilhas contra 377 mil novilhos. Parte das vacas abatidas são reprodutoras descartadas mais cedo, substituídas por exemplares jovens com melhor desempenho genético.

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/brasil-tem-mais-bois-que-gente-rebanho-bovino-supera-populacao/