20 de setembro de 2024
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Amigo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, desestimulou sua candidatura à Presidência da República, mas sinalizou que aceitaria ser seu ministro da Fazenda caso entre na disputa pelo Planalto, informa a coluna Painel S.A., do jornal Folha de S. Paulo.

Campos Neto deixará o comando da autarquia no fim deste ano e terá ainda seis meses de quarentena. Nas últimas semanas, ele conversou com amigos, políticos e colegas do mercado financeiro sobre seu futuro pós-BC.

Na sua avaliação, a situação econômica nos próximos anos sofrerá forte deterioração, o que pode atrapalhar Tarcísio em uma eventual vitória em 2026.

Para ele, melhor seria consolidar-se na chefia do governo de São Paulo por mais um mandato e se lançar à Presidência “consagrado”.

Mesmo assim, Campos Neto sinalizou a Tarcísio que aceitaria ser seu ministro da Fazenda se o governador decidir se tornar presidenciável.

Isso seria anunciado ainda durante a campanha, repetindo a estratégia de Jair Bolsonaro, que conquistou os votos do empresariado e do mercado financeiro ao anunciar Paulo Guedes como seu guru na Economia.

Voo solo

Campos Neto não esconde sua intenção em montar um negócio próprio no Brasil. Já comentou com amigos e colegas do mercado sobre seu sonho de abrir um banco blockchain, totalmente ancorado no dinheiro digital.

O plano, no entanto, não seria para agora diante dos desafios tecnológicos e regulatórios em torno desse tipo de negócio no Brasil.

Por isso, cogita montar um fundo em parceria com algum gigante do mercado financeiro dos EUA.

Em outra frente, vem sendo alvo de cortejos do Itaú e do BTG Pactual. Ambos os bancos gostariam de tê-lo, mas Campos Neto considera que não será adequado atravessar a porta giratória –expressão usada em Brasília para descrever um movimento em que um regulador migra para a instituição regulada após deixar o cargo.

Consideraria, por exemplo, comandar uma instituição global. Ele, que deixou o cargo de CFO (espécie de vice-presidente financeiro) do Santander Brasil antes de assumir o BC, levaria em consideração, por exemplo, ser o CEO global do banco espanhol.

Homenagens

Nesta segunda (10), Campos Neto foi homenageado pela Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) e deu um tom político à sua fala. Ele defendeu um Estado mínimo, mas com força suficiente para dar previsibilidade aos agentes do mercado.

Fez acenos ao dizer que quem faz o Brasil é a iniciativa privada e que cabe ao governo facilitar a vida do empresariado.

Seu discurso mobilizou setores produtivos que, no momento, fazem críticas ao governo Lula e até ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que não conseguiu convencer o presidente da importância de um ajuste fiscal.

Liderados por Rubens Ometto, dono da Cosan, os empresários também pedem cortes de gastos em vez de medidas que sobrecarregam as empresas, como a tentativa de cancelamento de créditos de PIS/Cofins como forma de cobrir a manutenção da desoneração sobre a folha de pagamentos.

No jantar, que sucedeu o evento, não houve discurso político. Convidados chegaram a fazer piada com Campos Neto perguntando se ele ficaria no BC até o fim do ano.

Consultado, Campos Neto não quis comentar.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/campos-neto-sinalizou-que-aceita-ser-ministro-da-fazenda-de-tarcisio-de-freitas-caso-ele-se-eleja-presidente/