Das 30 cidades de São Paulo que tinham possibilidade de segundo turno, 18 voltarão às urnas no domingo, 27, para eleger prefeito e vice. Na maioria desses municípios, a disputa será entre partidos de direita, como o PL de Jair Bolsonaro, e de centro, como o PSD de Gilberto Kassab. Já o campo da esquerda, representado pelo PT de Luiz Inácio Lula da Silva, tenta conquistar o comando de três cidades a partir do próximo ano.
O cenário eleitoral em São José dos Campos exemplifica a polarização entre centro e direita. Na cidade de 697 mil habitantes, a disputa envolve dois importantes aliados do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos): o ex-presidente Jair Bolsonaro e o secretário de Relações Institucionais do Estado, Gilberto Kassab. Enquanto o primeiro apoia Eduardo Cury (PL), o segundo defende Anderson Farias (PSD).
No primeiro turno, o ex-presidente e seu filho “zero três”, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), participaram de uma carreata em São José dos Campos. Nesta quarta-feira, 23, Eduardo gravou um vídeo de apoio a Cury, destacando a importância da cidade para o PL. Na última eleição presidencial, Bolsonaro obteve uma votação expressiva no município, com 62,58% dos votos válidos, contra 37,42% de Lula.
Apesar do apoio da família Bolsonaro, Eduardo Cury, que já governou a cidade duas vezes, passou para o segundo turno com 25,96%, contra 39,66% do atual prefeito de São José, Anderson Farias.
PL de Bolsonaro é sigla com mais candidaturas no 2º turno
O PL é a legenda com mais candidaturas no segundo turno das eleições municipais em São Paulo. Além de São José dos Campos, a legenda disputa em outras cinco cidades: Franca, Guarulhos, Jundiaí, Santos e São José do Rio Preto.
Em Santos, a disputa eleitoral voltou a dividir a base de Tarcísio de Freitas, colocando o partido do governador em oposição ao de Jair Bolsonaro. Tarcísio, contudo, optou por não tomar partido na cidade, onde o atual prefeito, Rogério Santos (Republicanos), enfrenta a deputada federal Rosana Valle (PL).
No primeiro turno, o candidato à reeleição recebeu 43,29% dos votos, enquanto sua adversária somou 42,65%. Rosana Valle conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua esposa, Michelle Bolsonaro, que participaram de eventos na cidade para promover sua candidatura.
Em Franca e São José do Rio Preto, o partido de Jair Bolsonaro enfrenta o MDB do ex-presidente Michel Temer. Já em Jundiaí, o adversário é o União Brasil, enquanto em Guarulhos, a disputa é contra o Solidariedade.
Em Guarulhos, Lucas Sanches (PL) concorre sem o apoio do ex-presidente. Apesar de integrar a mesma sigla de Bolsonaro, o antigo chefe do Executivo preferiu endossar a candidatura do deputado estadual Jorge Wilson, o “Xerife do Consumidor” (Republicanos), que ficou em terceiro lugar na disputa com 20,12% dos votos.
O adversário de Sanches, Elói Pietá (Solidariedade), tem o apoio do PT, apesar de a sigla ter se omitido no primeiro momento, acusando o ex-prefeito de traição. Pietá já comandou o segundo maior município de São Paulo pelo Partido dos Trabalhadores, mas deixou a legenda depois de desavenças internas. A cidade era considerada uma das prioridades de Lula na região metropolitana, mas o candidato petista Alencar Santana terminou a disputa em quarto lugar, com 9,67% dos votos.
Centro é a maior força política nesta etapa da disputa
Embora a sigla de Jair Bolsonaro dispute o maior número de prefeituras, a principal força política nas cidades com segundo turno em São Paulo é o centro, e não a direita. Ao todo, são 24 candidatos filiados a partidos de centro, oito a partidos de direita e quatro a partidos de esquerda. Os candidatos de partidos de centro estão concorrendo nas 18 cidades com segundo turno, incluindo a capital paulista.
Siglas como Solidariedade, Podemos, Cidadania, PSD, MDB, União Brasil, PSDB, Republicanos e Progressistas têm chances de vencer em cidades importantes do Estado, como em Ribeirão Preto, onde o PSD enfrenta o Novo, ou no Guarujá, onde o Podemos disputa contra o Progressistas. O alto número de partidos que se definem como de centro ou centro-direita é uma das explicações para o elevado número de candidatos filiados a essas siglas no segundo turno.
Em Ribeirão Preto, o candidato que representa o PSD é o deputado federal Ricardo Silva, que liderou o primeiro turno com 48,44% dos votos. Seu adversário, Marco Aurélio (Novo), foi escolhido por 24,94% dos eleitores. A disputa no município do interior de São Paulo coloca dois líderes do Executivo no palanque: o governador paulista, Tarcísio de Freitas, e mineiro, Romeu Zema (Novo). Silva recorreu ao apoio de Tarcísio para avalizar uma imagem de candidato experiente, enquanto Aurélio buscou Zema com o objetivo de se apresentar para o eleitorado como uma oportunidade de “mudança”.
Os chefes do Executivo dos dois Estados também repetem a atuação como cabos eleitorais em Taubaté, localizada a cerca de 130 km da capital paulista, onde o ex-prefeito Ortiz Junior (Republicanos) enfrenta o o ex-deputado estadual Sergio Victor (Novo).
Na Grande São Paulo, o Engenheiro Daniel (União Brasil) tenta impedir a reeleição de José Aprígio (Podemos) à Prefeitura Taboão da Serra. O candidato do partido de centro-direita liderou o primeiro turno com folga. Daniel teve 48,9% dos votos, ante 25,9% de Aprígio. A disputa foi marcada pelo atentado contra Aprígio, que foi baleado dentro de um carro da prefeitura enquanto se deslocava entre agendas da campanha.
PT busca manter comando de cidades em seu reduto eleitoral
O PT saiu fragilizado nessas eleições municipais também no Estado. A sigla concorre no segundo turno em apenas três cidades paulistas. No Grande ABC, berço político do Partido dos Trabalhadores, a legenda tenta manter os dois únicos municípios que ainda comanda na região metropolitana – Mauá e Diadema – e disputa também no interior paulista, em Sumaré.
Nem mesmo em São Bernardo do Campo, berço político do PT, o candidato petista conseguiu avançar. O deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT) terminou a corrida eleitoral em terceiro lugar, com 23,09% dos votos. O segundo turno será disputado entre o vice-prefeito Marcelo Lima (Podemos) e o deputado federal Alex Manente (Cidadania).
Agora, o PT, cujo principal cabo eleitoral é o presidente Lula, tem enfrentado investidas do governador Tarcísio nessas cidades. Em Diadema, o atual prefeito José Filippi (PT) terá como adversário Taka Yamauchi (MDB), repetindo o cenário registrado em 2020. O tom da disputa foi intensificado depois que Lula e Tarcísio marcaram presença no município para apoiar seus apadrinhados políticos.
O atual presidente participou de um comício ao lado de Filippi e ressaltou a importância da região para a sigla. Em sua fala, Lula criticou a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem se referiu como uma “praga de gafanhotos”.
Aliado do ex-presidente, o governador Tarcísio participou de uma caminhada na cidade em apoio a Yamauchi. O chefe do Executivo estadual disse que a candidatura do emedebista, que liderou no primeiro turno com 47,39% dos votos, é “uma oportunidade única de varrer o PT de Diadema”. O candidato petista que já teve quatro mandatos como prefeito foi escolhido por 45,09% dos eleitores, uma diferença de 5.158 votos.
O partido tenta manter ainda a Prefeitura de Mauá, também no Grande ABC, sob seu comando. O candidato à reeleição Marcelo Oliveira (PT) enfrenta Átila Jacomussi (União Brasil). O petista também contou com a presença de Lula na última semana e ressaltou a importância do PT resgatar as bases que, segundo o candidato, foram perdidas. A sigla perdeu todas as prefeituras da região em 2016, ano em que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) sofreu impeachment.
O PT também está presente no primeiro segundo turno da história de Sumaré, cidade localizada na região metropolitana de Campinas. O vereador petista Willian Souza enfrenta o atual vice-prefeito Henrique do Paraíso (Republicanos). Souza recebeu o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), enquanto Paraíso contou com a presença do governador Tarcísio e da ex-primeira-dama Michelle em um comício realizado às vésperas da eleição.
Veja como está a disputa em cada uma das cidades de São Paulo com segundo turno (à exceção da capital):
- Beto Piteri, com apoio de Tarcísio, e Gil Arantes, aliado de Marçal, disputam 2º turno em Barueri
- Filippi e Yamauchi se enfrentam em Diadema com embate direto entre Lula e Tarcísio
- Alexandre Ferreira, do MDB, e João Rocha, do PL, disputam 2º turno em Franca
- Guarujá terá 2º turno entre Madi, ex-prefeito apoiado por Tarcísio e Vitiello, neto de ex-prefeito
- Gustavo Martinelli e José Antônio Parimoschi se enfrentam após racha na prefeitura de Jundiaí
- Em Mauá, petista Marcelo Oliveira e Átila, do União, repetem segundo turno de 2020
- Em Ribeirão Preto, Ricardo Silva e Marco Aurélio, aliados de Bolsonaro, disputam o segundo turno
- São José do Rio Preto tem duelo de coronel aliado de Bolsonaro contra deputado da base de Tarcísio
- Abalada por atentado, Taboão da Serra decide segundo turno entre Engenheiro Daniel e José Aprígio
- Vice-prefeito do Republicanos e vereador do PT fazem 1ª disputa de 2º turno da história de Sumaré
- Marcelo Lima e Alex Manente se enfrentam em São Bernardo, após derrotarem aliada de prefeito e PT
- Em racha na direita, eleitores de Santos escolhem entre Rogério Santos e Rosana Valle no 2º turno
- Em duelo de forças entre Kassab e Bolsonaro, ex-aliados disputam 2º turno em São José dos Campos
- Em Guarulhos, Lucas Sanches disputa sem padrinho político e Elói Pietá tem ‘apoio rancoroso’ do PT
- Eleições em Limeira: Murilo Félix, do Podemos, e Betinho Neves, do MDB, disputam 2º turno
- Eleições em Piracicaba: ex-ministro Barjas Negri e deputado Helinho Zanatta disputam 2º turno
- Eleições em Taubaté: Ortiz Júnior e Sérgio Victor disputam 2º turno em ‘duelo’ entre Tarcísio e Zema
Com informações do jornal Estado de São Paulo, Estadão
Fonte: https://agendadopoder.com.br/candidatos-de-partidos-de-centro-e-direita-dominam-segundo-turno-nas-maiores-cidades-de-sao-paulo/