23 de novembro de 2024
Candidaturas de mulheres tiveram um quarto dos recursos, menos visibilidade
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As candidaturas femininas receberam apenas um quarto dos recursos para a campanha municipal no país. Em média, cada candidata teve acesso a R$ 10.870,00, enquanto os homens receberam 55% a mais, com uma média de R$ 16.822,00 por candidato. Essa disparidade financeira e a falta de visibilidade para as mulheres resultaram em 15% das candidatas obtendo entre zero e dez votos. Em contrapartida, apenas 5% dos homens tiveram votação tão baixa.

O levantamento, feito pela Nexus Pesquisa e Inteligência de Dados com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e divulgada pela jornalista Renata Agostini, do Globo, evidencia essa desigualdade de financiamento, apesar das normas que obrigam os partidos a destinar um percentual mínimo de apoio às candidaturas femininas.

De acordo com os dados do TSE, as candidatas negras tiveram ainda mais dificuldade para conseguir apoio financeiro. O levantamento da Nexus mostrou que candidatas autodeclaradas brancas tiveram, em média, R$ 12.550 para suas campanhas. O valor está abaixo do recebido por homens, mas as colocou em vantagem em relação às pretas (R$ 11.807) e pardas (R$ 8.858,00). Os candidatos brancos foram os que concentraram a maior parte dos recursos, recebendo, em média, quase R$ 23.000.

A Constituição define que os partidos políticos devem destinar ao menos 30% dos recursos públicos para candidaturas femininas. A cota foi estabelecida por meio de uma emenda constitucional aprovada em 2022. Além disso, a distribuição deve ser proporcional ao número de candidatas. Ou seja, se houver número maior de mulheres, o percentual tem de ser elevado. A exigência vale tanto para o fundo partidário quanto para o fundo eleitoral. As legendas também são obrigadas a manter a cota de 30% para mulheres no tempo de rádio e TV.

Para Marcelo Tokarski, CEO da Nexus, o levantamento mostra que a promoção da equidade não foi uma prioridade nas campanhas municipais.

— Além da disparidade de receitas, a frequência maior de mulheres com poucos votos pode ser um indicativo de que os nomes foram escolhidos apenas para cumprir a cota, e não para ampliar a representatividade feminina de fato.

Reportagem de O Globo revelou a situação das “candidatas invisíveis”, que na reta final da campanha ainda eram preteridas pelos partidos. Após a publicação, a Procuradoria-geral Eleitoral (PGE) indicou que deve apurar o caso. O trabalho mostrou que duas de cada três candidatas a vereadora no país não havia recebido recursos de suas legendas para as eleições.

Esse quadro fez com que, proporcionalmente, mais mulheres tivessem votações inexpressivas na eleição – de zero a dez votos. Ainda que candidaturas masculinas também tenham enfrentado esse problema, o patamar foi muito menor.

Entre os dez maiores partidos, PSDB e PDT foram os que tiveram o maior percentual de candidaturas insignificantes, com 16%. Eles foram seguidos por PT e PSB, legenda nas quais 15% das mulheres só conseguiram esse patamar baixo de votos.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/candidaturas-de-mulheres-tiveram-um-quarto-dos-recursos-menos-visibilidade-e-15-so-obtiveram-entre-0-e-10-votos/