O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), cancelou nesta segunda-feira (22) todas as reuniões de comissões da Casa entre os dias 22 de julho e 1º de agosto, frustrando uma articulação da oposição que previa o uso desses espaços para manifestações políticas em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A decisão foi formalizada minutos antes do início das sessões, por meio de um “ato do presidente” com dois artigos. O texto proíbe qualquer reunião ou votação nas comissões durante o período que coincide com o chamado recesso branco — intervalo informal em que não há votações no plenário, mesmo sem a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O ato entrou em vigor imediatamente.
A oposição apostava que poderia se reunir apesar do recesso formal, já que sessões não haviam sido marcadas no plenário. A estratégia previa o uso das comissões de Relações Exteriores e Segurança Pública — ambas com maioria bolsonarista — para aprovar moções de repúdio às decisões judiciais que atingem Bolsonaro e reunir aliados do ex-presidente. Com a suspensão, no entanto, os planos foram desarticulados.
Com medo de possível retaliação de Moraes, Bolsonaro já havia desistido de comparecer à Câmara. A presença do ex-presidente era esperada pelos aliados, que organizaram a convocação para as reuniões e desenharam uma estratégia de reação à proibição imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que o impede de dar entrevistas ou se manifestar nas redes sociais.
A atitude de Hugo Motta gerou forte reação entre parlamentares bolsonaristas, que prometeram transformar o presidente da Câmara em alvo de críticas públicas. Atos estão sendo convocados para o dia 3 de agosto, com foco nos discursos contra a decisão da Mesa Diretora.
Na véspera do cancelamento, a presença de Bolsonaro nos corredores do Congresso provocou tumulto. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) teve o rosto ferido em meio a um empurra-empurra no Salão Verde, onde fica a entrada principal do plenário. Um profissional da imprensa caiu sobre uma mesa, que foi quebrada durante a confusão.
A oposição segue mobilizada mesmo sem o apoio institucional das comissões. Deputados da ala bolsonarista, concentrados na liderança do PL na Câmara, avaliam novos caminhos para contestar judicialmente as medidas cautelares do STF e manter Bolsonaro em evidência política, mesmo diante das restrições impostas pelas autoridades.
Com o recesso mantido e o retorno dos trabalhos previsto apenas para 4 de agosto, os próximos passos da oposição dependerão da capacidade de mobilização popular e da pressão sobre o comando da Câmara.
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/canetada-de-hugo-motta-barra-comissoes-e-esvazia-articulacao-da-extrema-direita-para-apoiar-bolsonaro/
