
O deputado Carlos Minc (PSB) anunciou em plenário, na quarta-feira (4), que foi alvo de ameaças de morte nas redes sociais. Segundo ele, ao menos oito postagens traziam mensagens violentas, incluindo insinuações de que seria assassinado com tiros de fuzil. O parlamentar afirmou já ter encaminhado o caso ao chefe da Polícia Civil, Felipe Curi, que abriu procedimento na Delegacia de Combate aos Crimes da Internet.
O presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União Brasil), recomendou que Minc também registrasse a denúncia no departamento de segurança da Casa. “Não é aceitável que um deputado seja ameaçado de morte pelas opiniões que profere aqui”, declarou Minc.
Críticas de parlamentares e reação da OAB
A escalada de hostilidades contra o deputado começou após ele denunciar ao Ministério Público Estadual uma suposta doutrinação religiosa por policiais do 2º BPM (Botafogo). Ele flagrou agentes em oração no Largo do Machado, no Flamengo, durante o horário de serviço, há cerca de duas semanas.
A denúncia gerou forte reação da bancada evangélica da Alerj. Carlos Macedo (Republicanos), pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, chegou a presentear o colega com uma bíblia em plenário. Também se manifestaram contra Minc os deputados Douglas Gomes (PL) e Tia Ju (Republicanos). Fora da Assembleia, Marcelo Dino (União Brasil) e Márcio Gualberto (PT) criticaram o socialista pelas redes sociais.
Diante da repercussão, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Rio de Janeiro (OAB-RJ) também divulgou uma nota de repúdio. Minc reagiu chamando a entidade de bolsonarista, mas recuou após reunião com a presidência da instituição, realizada no mesmo dia, quando as partes selaram um acordo.
Movimento Brasil Laico e novo projeto de lei
Ao mesmo tempo em que enfrentou críticas, o deputado recebeu apoio de setores progressistas. Um deles foi o Movimento Brasil Laico, que sugeriu a criação do Dia Estadual do Estado Laico. Minc confirmou que já está elaborando a proposta e pretende apresentá-la na próxima terça-feira.
Segundo o deputado, a data serviria para estimular debates e reforçar o entendimento sobre a separação entre Estado e religião. “O que não pode ser aceito é o Estado ser capturado por uma determinada religião, seja ela qual for. Esse é o caminho para a opressão”, afirmou.
A inspiração do projeto se apoia no Decreto nº 119-A, de 7 de janeiro de 1890, assinado por Marechal Deodoro da Fonseca, que consagrou a liberdade de cultos e extinguiu a ligação formal entre o Estado e a Igreja Católica.
Para Minc, a proposta reforça um princípio constitucional que garante liberdade religiosa, proteção aos ateus e rejeição a qualquer forma de imposição religiosa por parte do poder público.
Com a iniciativa, o deputado pretende ainda retomar debates antigos, como a defesa do ensino religioso de caráter interreligioso, voltado ao estudo das diversas crenças e filosofias, em contraposição à pregação de uma única religião em escolas e repartições públicas.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/carlos-minc-denuncia-ameacas-de-morte-apos-polemica-sobre-religiao-e-pms/