22 de setembro de 2024
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Nas suas alegações finais apresentadas à Câmara dos Deputados, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) afirmou que Ronnie Lessa, ex-policial militar e réu confesso no caso do assassinato de Marielle Franco, é um “homicida confesso que recebe benefícios por suas mentiras”. A defesa de Brazão argumenta que a Câmara corre o risco de validar uma versão falsa apresentada por Lessa, o que poderia resultar na injusta cassação do parlamentar.

“A Câmara dos Deputados, sobretudo diante de todas as provas produzidas na instrução, corre o grande risco de conferir credibilidade à mentirosa versão do assassino Ronnie Lessa e ter posteriormente de lidar com o fardo de ter culpado um inocente. A pretensão de ver cassado o deputado Chiquinho Brazão decorre exatamente do fato de ser acusado de ter mandado assassinar a vereadora Marielle Franco. Se é assim, julgar procedente a representação para cassar o deputado, mesmo com todas as provas que constam deste processo, é o mesmo que conferir credibilidade à versão de Lessa, homicida confesso que já vem recebendo benefícios por suas mentiras”, afirma sua defesa.

Chiquinho e seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, estão presos preventivamente, acusados de serem os mandantes do assassinato de Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, em 2018. Lessa, apontado como o executor dos crimes, delatou os irmãos como responsáveis pelo planejamento do homicídio, alegando que o motivo seria a oposição de Marielle a um projeto de lei que favoreceria interesses imobiliários da família Brazão.

A defesa de Chiquinho sustenta que a acusação contra ele é infundada e que a credibilidade de Lessa é questionável. Segundo os advogados, a versão de Lessa não é corroborada por provas concretas e foi desmentida por diversos elementos. Eles alertam que a Câmara dos Deputados pode cometer um grave erro de julgamento ao basear sua decisão nas declarações de um homicida confesso.

“Atribuir ao deputado Chiquinho o mando do homicídio da vereadora Marielle Franco é uma acusação que tem potencial para se tornar um dos maiores erros de julgamento da história recente do país. Embarcar na fantasiosa estória de um homicida confesso certamente será uma das mais imponentes contribuições da Câmara dos Deputados para a injustiça e a desvalorização da presunção de inocência”, escrevem os advogados Cléber Lopes, Murillo de Oliveira e Rita Machado.

De acordo com a Polícia Federal, além dos irmãos Brazão, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, também estaria envolvido no planejamento do crime, supostamente garantindo a impunidade dos envolvidos. Lessa, em um acordo de delação premiada, teria descrito uma “reação descontrolada” de Chiquinho em relação à atuação de Marielle, motivada por interesses no projeto de lei.

A defesa conclui que a busca por responsabilização no caso Marielle não deve se basear na “irracional crença” na veracidade das declarações de Lessa, mas sim em provas substanciais. A preocupação dos advogados é que o desejo por justiça acabe levando à condenação de um inocente.

Com informações de O Globo

Fonte: https://agendadopoder.com.br/caso-marielle-chiquinho-brazao-volta-a-jurar-inocencia-e-diz-que-lessa-recebe-beneficios-por-suas-mentiras/