Casos com tipo mais perigoso da dengue crescem 7.000% em SC

Santa Catarina está em alerta devido ao aumento expressivo nos casos de contaminação pelo sorotipo DENV-3 da dengue. No acumulado do ano até aqui, o crescimento foi de 7.166% em relação ao mesmo período de 2024, de acordo com o Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina (Lacen-SC).

O cenário preocupa autoridades sanitárias, pois o sorotipo não circula de forma predominante no país desde 2008 e grande parte da população está suscetível a ele. “Precisamos redobrar os cuidados, principalmente nessa época do ano, quando ocorre o aumento das chuvas e das temperaturas, condições favoráveis para a reprodução do mosquito Aedes aegypti”, alerta o diretor da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do governo estadual, João Augusto Fuck.

Segundo o Ministério da Saúde, o DENV-3 é um dos tipos que tem maior potencial de causar formas graves da doença. Estudos indicam que, após a segunda infecção por qualquer sorotipo, há uma predisposição para quadros mais graves, independentemente da sequência dos sorotipos envolvidos. No entanto, o DENV-2 e o DENV-3 são frequentemente associados a manifestações mais severas.

Ainda de acordo com a pasta, a introdução de um novo sorotipo em uma população previamente exposta a outros sorotipos de dengue pode levar a um cenário de “epidemias significativas”. O aumento da incidência de dengue registrado entre 2000 e 2002, por exemplo, foi associado à introdução do DENV-3.

Ao longo de 2024, o sorotipo predominante no Brasil foi o DENV-1, identificado em 73,4% das amostras. Em Santa Catarina, ocorreram três casos de dengue com o sorotipo DENV-3 no ano passado – dois na região da Grande Florianópolis e um na Foz do Rio Itajaí. Este ano, já são 215 casos, em cidades que vão do Meio-Oeste ao Litoral.

A Secretaria de Estado da Saúde se prepara para lidar com um aumento no número de casos entre outubro e maio, quando é comum a proliferação do Aedes aegypti, mosquito vetor da doença.

Campanha nas escolas busca conscientizar professores, pais e alunos sobre a dengue

A dengue foi responsável por 20 mortes em Santa Catarina no acumulado do ano até aqui, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde. De setembro a agosto, o número de pessoas infectadas aumentou 230%.

Para conter o avanço da doença, as pastas da Saúde e da Educação, em parceria com a Federação Catarinense de Municípios (Fecam), estão intensificando ações de preparação e combate ao mosquito. De 27 de outubro a 8 de novembro, escolas da rede municipal, estadual e da iniciativa privada vão envolver alunos, professores e as famílias sobre o tema.

“Somente com a colaboração de todos conseguiremos vencer essa doença e evitar o aumento de casos, que também impacta diretamente a rede de saúde. Contamos com o apoio dos prefeitos e de todos os parceiros para garantir o sucesso dessas ações”, destacou o secretário de estado da Saúde, Diogo Demarchi.

A iniciativa nas escolas envolve ações educativas, palestras, oficinas e debates sobre prevenção e sintomas das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti: dengue, zika e chikungunya. As atividades também incluem a verificação das estruturas prediais das escolas, com inspeção de calhas, caixas-d’água e possíveis locais de acúmulo de água que possam servir de criadouros para o mosquito.

“A dengue se combate no quintal de casa, e cada município tem um papel vital. A união de esforços é a chave para vencermos este desafio e proteger a saúde da nossa população”, destacou o presidente da Federação de Consórcios, Associações de Municípios e Municípios de Santa Catarina (Fecam) e prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD).

Em outra frente, a Secretaria de Estado da Saúde está incentivando a vacinação contra a dengue para adolescentes de 10 a 16 anos, faixa etária contemplada pela campanha. A imunização está sendo realizada em 100 municípios das regiões Nordeste, Vale do Itapocu, Grande Florianópolis, Médio Vale do Itajaí, Oeste, Alto Uruguai Catarinense e Foz do Rio Itajaí.

Para ajudar a conter a proliferação do mosquito

• Evitar que a água da chuva fique depositada e acumulada em recipientes como pneus, tampas de garrafas, latas e copos;
• Não acumular materiais descartáveis desnecessários e sem uso em terrenos baldios e pátios;
• Tratar adequadamente a piscina com cloro. Se ela não estiver em uso, esvazie-a completamente sem deixar poças de água;
• Manter lagos e tanques limpos ou criar peixes que se alimentem de larvas;
• Lavar com escova e sabão as vasilhas de água e comida de seus animais de estimação pelo menos uma vez por semana;
• Colocar areia nos pratinhos de plantas e remova duas vezes na semana a água acumulada em folhas de plantas;
• Manter as lixeiras tampadas, não acumule lixo/entulhos e guarde os pneus em lugar seco e coberto.