A eventual cassação definitiva do vereador Rubinho Nunes (União Brasil-SP) pode provocar um efeito colateral de grandes proporções na Câmara Municipal de São Paulo. Segundo apuração da Folha de S.Paulo, a medida, caso confirmada nas instâncias superiores da Justiça Eleitoral, implicaria também na perda do mandato do vereador Adrilles Jorge (mesmo partido), já que a legenda perderia a cadeira obtida com base nos votos de Rubinho — anulados por decisão judicial.
A sentença, assinada na última sexta-feira (30) pelo juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, determina a cassação de Rubinho e o torna inelegível por oito anos. A punição ainda não está em vigor e só terá efeitos práticos após o trânsito em julgado, ou seja, quando não couberem mais recursos.
Rubinho foi condenado por ter compartilhado nas redes sociais, durante a campanha municipal de 2024, um laudo falso divulgado por Pablo Marçal. O documento ligava o deputado federal e então candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de cocaína. A Justiça entendeu que a ação configurou crime eleitoral por divulgação de fake news, o que levou à cassação do parlamentar.
O impacto vai além do próprio Rubinho. Como os 101.549 votos recebidos por ele seriam anulados, a legenda perderia a cadeira que hoje é ocupada por Adrilles Jorge, eleito com 25.038 votos. O sistema proporcional de eleição para o Legislativo estabelece que o quociente eleitoral é formado pela soma dos votos de todos os candidatos e da legenda — ou seja, quando um dos mais votados é cassado, toda a composição das cadeiras pode ser afetada.
Indignado com a possibilidade de também perder o mandato, Adrilles criticou duramente a decisão judicial. “O Rubinho compartilhou uma mentira por 20 minutos, mas admitiu o seu erro. Pode ter uma pena mais simples. Agora, anular os votos é uma coisa esdrúxula de um juiz tomado por um princípio ideológico”, afirmou. Para ele, a decisão revela uma seletividade do Judiciário contra parlamentares conservadores: “Só acometem as pessoas da direita. É uma perseguição de vários juízes que são, na verdade, carrascos ideopatas. Usam da sua ideopatia para cercear a voz de uma direita liberal conservadora”.
A decisão ainda pode ser contestada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) e, posteriormente, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Até que haja um desfecho definitivo, Rubinho Nunes e Adrilles Jorge seguem no exercício dos mandatos. Nos bastidores, porém, a possível reconfiguração na Câmara já gera movimentação entre suplentes e legendas que poderiam ser beneficiadas por uma eventual redistribuição de cadeiras.
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