28 de outubro de 2025
Castro nega objetivo político de operação no Rio
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O governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro (PL-RJ) negou nesta terça-feira (28) que a megaoperação na capital fluminense tenha objetivo político. Castro afirmou que não precisa da operação para ser reeleito a um cargo político, culpou a ADPF 635 – chamada “ADPF das Favelas” – pelo avanço do crime e voltou a cobrar mais atuação do governo Lula (PT) contra o crime organizado.

Castro foi reeleito governador no primeiro turno nas eleições de 2022, com quase 60% dos votos. No ínicio deste mês, ele admitiu ser pré-candidato ao Senado, mas ponderou que a decisão final será tomada em conjunto com o partido, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

“Eu já estou reeleito. Não preciso disso [operação] para nada. A nossa única e exclusiva missão é proteger a vida das pessoas. O Rio ficou mais 2.100 dias funcionando com uma ADPF que restringia a operação das polícias e agora já está tendo que fazer todo o trabalho”, afirmou o governador em entrevista à CNN Brasil.

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Até o momento, a ação das polícias Militar e Civil contra o Comando Vermelho (CV), na Zona Norte do Rio, é a mais letal da história da capital fluminense, com 81 presos e mais de 60 mortos, entre eles 4 policiais. Segundo o governador, a operação foi “extremamente planejada” por mais de 60 dias e contou com a parceria com o Ministério Público.

Castro afirmou que a atuação do CV contra os agentes de segurança “beira o terrorismo”. Ele evitou dizer se pediu ajuda de forma oficial ao governo federal para a operação realizada nesta manhã, apontando que em outras ocasiões o Executivo teria negado as solicitações do estado.

Mais cedo, Cláudio Castro disse que fez sucessivos pedidos para as Forças Armadas cederem equipamentos para realizar as operações nas comunidades, mas que todos eles foram negados. Para ele, o Rio de Janeiro “está sozinho nessa guerra”.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública rebateu a acusação e disse ter “atendido prontamente” a todos os pedidos do governo do Rio. Após a resposta, Castro teria ligado para a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, para tentar conter a crise aberta pelas críticas diretas ao governo Lula.

“A crítica a gente faz de uma maneira dura, mas de maneira educada. A ministra Gleisi e eu conversamos. repliquei para ela o que eu tinha falado aqui. Em momento nenhum joguei na conta [do governo]”, disse.

“Eu fiz um relato. A pergunta do jornalista foi: ‘O governo federal estava com vocês na operação de hoje?’. Eu disse: ‘Não’. Ele me perguntou por quê, porque nas últimas três vezes que pedimos o blindado a Marinha negou, dizendo que era necessário uma GLO. E o presidente da República publicamente já disse várias vezes que ele é contra a GLO. Em vez de ficar reclamando e chorando, a gente partiu para cima para agir sozinho”, afirmou o governador.

Castro reiterou as críticas a atuação dos órgão federais na fiscalização de fronteiras. Ele disse esperar que o governo federal não entenda os apontamentos como “transferência de responsabilidade, mas como um clamor para melhorar a segurança pública” com integração.

“Não tenho a menor dúvida que ainda falta ao governo central entender a questão da segurança pública como a grande prioridade. Eles não têm essa visão. Acho esse foco excessivo em PEC [da Segurança Pública], sendo que já tem o Susp, que está aí para ser implantado”, acrescentou.

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/castro-nega-objetivo-politico-de-operacao-rio/