O ministro do Turismo, Celso Sabino, entregou nesta sexta-feira (26) sua carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após sofrer pressão da cúpula do União Brasil. A decisão ocorre depois de um ultimato dado pela executiva nacional do partido, que determinou a saída imediata de seus filiados do governo federal.
Sabino informou que continuará no cargo até a próxima quinta-feira (2), a pedido de Lula, para acompanhá-lo em um evento de entrega de obras para a COP30, em Belém.
Sabino ainda busca um espaço de negociação para permanecer na Esplanada ao menos até novembro, quando Belém sediará a COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas. Ele vinha defendendo a possibilidade de se licenciar do União Brasil para seguir no cargo até o evento, do qual é um dos principais articuladores dentro do governo.
Disputa interna no União Brasil
A saída de Sabino se dá em meio ao endurecimento da direção do partido, presidido por Antonio Rueda. A executiva aprovou por unanimidade a antecipação do desembarque da gestão petista, que antes estava previsto para 30 de setembro.
Rueda já vinha acumulando atritos com o Planalto. Lula reclamou de declarações públicas do dirigente e, em agosto, chegou a citá-lo nominalmente em reunião ministerial, afirmando não gostar dele e reconhecendo que a antipatia era recíproca.
Tentativas de distensionamento
Apesar do clima de tensão, líderes políticos ainda tentam reaproximar o governo e o União Brasil. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o presidente do PT, Edinho Silva, atuam para viabilizar um encontro entre Rueda e Lula, embora a reunião não tenha data marcada. Interlocutores avaliam que uma ruptura total não interessa a nenhum dos lados, já que a sigla mantém indicações em cargos estratégicos da máquina federal.
Mesmo fora do ministério, Sabino recebeu sinalização de Lula de que terá apoio em sua futura candidatura ao Senado, em 2026. O ministro também tenta emplacar sua secretária-executiva, Ana Clara Machado Lopes, como substituta na pasta.
Pressão sobre outros ministros
A saída de Sabino deve ampliar a pressão sobre o ministro André Fufuca (Esportes), indicado pelo PP, que negocia com a cúpula de seu partido uma permanência até o fim do ano, possivelmente por meio de licença da legenda. Já os ministros Frederico de Siqueira Filho (Comunicações) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), ligados a Alcolumbre, devem permanecer no governo.
No Planalto, auxiliares reconhecem que a relação com o União Brasil já não se apoia na direção partidária, mas sim na articulação de Alcolumbre. A estratégia de Lula, neste momento, é reacomodar os espaços do centrão e contemplar partidos da base aliada, como PSD, PDT, PSB e Republicanos, com foco não apenas na governabilidade imediata, mas também na formação de alianças regionais para a disputa presidencial de 2026.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/celso-sabino-entrega-a-lula-carta-de-demissao-e-deixa-ministerio-do-turismo/
