
Berço de encontros históricos entre artistas da música brasileira e espaço de resistência cultural, o antológico Clube do Samba, fundado por João Nogueira em 1979, poderá ser oficialmente reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Estado do Rio.
A Assembleia Legislativa (Alerj) aprovou nesta terça-feira (05), em primeira discussão, o projeto de lei 1.788/2023, de autoria da deputada Verônica Lima (PT), que reconhece o papel do Clube do Samba como espaço de valorização do samba e da cultura brasileira, tendo atuado ativamente contra a crescente presença da música estrangeira nos veículos de comunicação desde o fim da década de 1970.
Fundado como uma sociedade civil de natureza cultural e sem vínculos políticos ou religiosos, o Clube do Samba foi criado para reunir sambistas, músicos, compositores e amantes do gênero.
Inicialmente sediado na casa de João Nogueira, o local se tornou referência por suas rodas de samba, oficinas e espetáculos que reuniram nomes como Clara Nunes, Elza Soares, Beth Carvalho, Paulinho da Viola e Martinho da Vila.
Palco de grandes encontros
Nos anos 1980, o clube ganhou destaque com os bailes promovidos na sede do Clube de Regatas do Flamengo, com orquestras comandadas por músicos consagrados como Luizão Maia, Rafael Rabelo, Wilson das Neves e maestro Nelsinho. O espaço também foi palco de apresentações de artistas como Djavan, Leny Andrade, Miltinho, Baden Powell e Elizeth Cardoso.
Apesar da suspensão de suas atividades regulares em 1988, o Clube do Samba manteve acesa sua vocação cultural e educativa. Desde 2013, realiza oficinas musicais no Imperator – Centro Cultural João Nogueira, formando cerca de 400 jovens e adolescentes por ano das comunidades do Méier, Engenho Novo, Lins de Vasconcelos e arredores. As oficinas proporcionam iniciação musical baseada no repertório da música popular brasileira, resgatando a memória viva de seus fundadores e colaboradores.
O projeto, que ainda precisa passar por nova votação, destaca que a trajetória do Clube do Samba reflete não apenas um movimento musical, mas também um esforço coletivo pela valorização da cultura brasileira em meio a transformações sociais e políticas.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/clube-do-samba-podera-virar-patrimonio-imaterial-do-rio/