
Uma comissão de senadores brasileiros embarca nesta sexta-feira (25) para os Estados Unidos com o objetivo de tentar conter o avanço do chamado tarifaço — medida anunciada pelo presidente Donald Trump que pode impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A missão ocorre em meio a um cenário diplomático adverso, com a Casa Branca fechando as portas para negociações e aliados de Jair Bolsonaro atuando para dificultar a agenda parlamentar no território estadunidense. As informações são do blog do Valdo Cruz, no portal g1.
Segundo fontes próximas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acompanham os desdobramentos em Nova York, Trump não autorizou sua equipe a abrir um canal formal de diálogo com o Brasil. Embora existam conversas em andamento com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick — como confirmou o vice-presidente Geraldo Alckmin —, os recados recebidos pelas autoridades brasileiras indicam que qualquer decisão está centralizada diretamente no presidente dos EUA.
“Trump não quer negociar”, resumiu Lula na quinta-feira (24), ao comentar a situação. O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo, que também está nos Estados Unidos em missão pela ONU, compartilhou percepção semelhante com interlocutores e afirmou que reina um clima de medo entre os representantes dos EUA, com total dependência da vontade de Trump. “Tudo estaria centralizado em Trump e ninguém tem coragem de desafiá-lo”, teria afirmado o ministro do TCU.
Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo tentam interferir
A missão parlamentar, porém, enfrenta resistência não apenas do governo dos EUA. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o blogueiro Paulo Figueiredo, aliados do ex-presidente brasileiro, estariam se movimentando nos bastidores para minar os esforços da comissão. Figueiredo é, aliás, literalmente, um “filhote da ditadura”, neto do útimo mandatário do regime militar, o general João Baptista Figueiredo. De acordo com informações repassadas à cúpula da missão, os dois arautos da extrema direita estariam atuando para dificultar reuniões dos senadores em Washington, inclusive tentando barrar encontros com representantes do governo Trump.
Ainda assim, os senadores mantêm a agenda prevista. A primeira reunião oficial ocorrerá no domingo (27), em Washington. Na segunda-feira (28), a comitiva será recebida na embaixada do Brasil e participará de um encontro com empresários da Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil). Na terça-feira (29), os parlamentares irão ao Capitólio para reuniões com congressistas estadunidenses.
Senado tenta ganhar tempo para reabrir negociações
Para o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), mesmo diante das dificuldades impostas pela Casa Branca, a missão tem valor estratégico. Segundo ele, é fundamental esclarecer o que está em jogo e tentar, ao menos, adiar o início da taxação.
“Queremos também esclarecer o que o governo americano exatamente quer negociar. Como eles não retomaram oficialmente as negociações, ninguém sabe exatamente os limites de Trump. Se ele realmente emperrou por questões políticas, de Bolsonaro, se tem a ver com a nova moeda dos Brics, com o Irã”, declarou Trad.
O tempo, no entanto, é curto. Com menos de uma semana até o início da vigência do tarifaço, a comissão corre contra o relógio. A meta principal da comitiva é convencer autoridades e empresários estadunidenses de que a imposição das tarifas pode prejudicar relações históricas entre os dois países e causar impactos negativos também à economia dos Estados Unidos.
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/com-comitiva-de-senadores-prestes-a-embacar-para-os-eua-bolsonaristas-pressionam-trump-a-nao-dialogar-sobre-tarifaco/