5 de agosto de 2025
Com prisão domiciliar, condomínio de Bolsonaro em Brasília vive bloqueios
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A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), provocou mudanças radicais na rotina do condomínio Solar de Brasília, no bairro Jardim Botânico, na capital federal. Desde a noite de segunda-feira (4), quando a decisão entrou em vigor, o local passou a contar com forte esquema de segurança, bloqueios e restrições de circulação.

Cerca de 30 agentes foram deslocados para reforçar a vigilância nas guaritas e controlar o acesso à rua onde vive o ex-presidente. Moradores relataram que seguranças em motocicletas passaram a impedir até mesmo registros com celulares e a revistar quem entrava no residencial. “As medidas visam evitar novos confrontos como os que já ocorreram anteriormente”, afirmou um integrante da equipe de segurança, sob anonimato.

As ações de segurança seguem um histórico de tensões no local. Em julho, discussões entre vizinhos ocorreram após a imposição do uso de tornozeleira eletrônica a Bolsonaro. Agora, com as novas restrições, o clima de vigilância e conflito aumentou ainda mais.

Clima de protesto e ironia entre vizinhos

Apesar da vigilância, alguns moradores resistem às limitações. Carros circularam pelas ruas internas do condomínio com músicas provocativas, como a que repete o verso: “Tá na hora do Jair já ir embora”. Mesmo após advertências dos seguranças, moradores afirmaram que estavam em “ambiente público” e se recusaram a baixar o volume.

Do lado de fora, manifestações também ocorreram. Um músico conhecido como TromPTista chegou a tocar a marcha fúnebre diante da entrada principal do condomínio, enquanto veículos passavam com músicas críticas ao ex-presidente.

Moraes vê tentativa de coação ao STF

A decisão de Alexandre de Moraes não se restringe ao confinamento. Bolsonaro teve o celular apreendido e está proibido de utilizar dispositivos eletrônicos, inclusive os de terceiros, além de manter contato com outros investigados ou com autoridades estrangeiras. Também está impedido de usar redes sociais ou fazer declarações públicas.

A medida foi motivada pela participação de Bolsonaro, por telefone, em uma manifestação no último domingo (3), na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, em apoio à anistia e contra o STF. O vídeo da fala foi postado por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), mas foi deletado pouco depois.

Para Moraes, a ação teve caráter premeditado:

“Agindo ilicitamente, o réu Jair Messias Bolsonaro se dirigiu aos manifestantes […] produzindo dolosa e conscientemente material pré-fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça.”

O ministro ainda acusou Bolsonaro de promover uma campanha articulada com os filhos Eduardo, Flávio e Carlos para instigar ataques ao STF e defender uma suposta intervenção internacional no Judiciário brasileiro. Em letras maiúsculas, Moraes advertiu:

“A Justiça não permitirá que um réu a faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico.”

O descumprimento das medidas pode levar à conversão da prisão domiciliar em preventiva. As visitas à casa de Bolsonaro estão restritas a advogados e outras pessoas autorizadas pelo STF — todas proibidas de usar celulares ou fazer registros no local.

A crise envolvendo o ex-presidente continua a mobilizar aliados e opositores, além de gerar desdobramentos jurídicos e políticos que ainda devem se intensificar nos próximos dias.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/com-prisao-domiciliar-condominio-de-bolsonaro-em-brasilia-vive-bloqueios-e-tensao/