O cerco do Supremo Tribunal Federal (STF) ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se fechou ainda mais nesta sexta-feira (18), com a adoção de medidas cautelares que têm como objetivo explícito impedir uma possível fuga do país. Por ordem do ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro agora está proibido de se aproximar de embaixadas, manter contato com embaixadores e diplomatas estrangeiros e utilizar redes sociais. Ele também terá que usar tornozeleira eletrônica e cumprir recolhimento domiciliar noturno, das 19h às 7h, além de permanecer em casa durante os fins de semana.
As medidas foram adotadas após a Polícia Federal (PF) identificar risco real de evasão, em meio ao avanço das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. Segundo apurações, havia sinais de que o ex-presidente buscava apoio internacional para pressionar o STF ou até obter asilo político. A apreensão de cerca de 10 mil dólares em espécie na casa de Bolsonaro, nesta sexta, aumentou as suspeitas sobre uma possível tentativa de saída por fronteira terrestre.
A Polícia Federal, com aval da Procuradoria-Geral da República (PGR), representou formalmente pela adoção das medidas, todas autorizadas por Moraes no âmbito da Petição nº 14129. Em nota, a PF confirmou a ação:
“A Polícia Federal cumpriu, nesta sexta-feira (18/7), em Brasília, dois mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, em cumprimento a decisão do Supremo Tribunal Federal.”
Movimentos recentes reforçaram suspeita de fuga
Nas últimas semanas, aliados e filhos de Bolsonaro passaram a buscar interlocução com governos estrangeiros. O ex-presidente chegou a declarar que, caso tivesse seu passaporte liberado, viajaria aos Estados Unidos para “negociar com Donald Trump” a suspensão das tarifas de 50% impostas ao Brasil. Investigadores entenderam essa movimentação como sinal de articulação para um possível pedido de asilo.
Cresceu também a especulação sobre uma eventual tentativa de refúgio nas embaixadas dos Estados Unidos ou da Argentina, dois países governados por presidentes alinhados à extrema direita. A proibição de contato com embaixadas ou representantes diplomáticos, segundo fontes da PF, foi uma resposta direta a esse risco.
Trump pressiona STF e agrava tensão diplomática
A carta divulgada por Donald Trump na quinta-feira (17), em que o presidente estadunidense cobra o fim imediato do processo contra Bolsonaro e o chama de vítima de um “sistema injusto”, reforçou as preocupações das autoridades brasileiras. Com tom agressivo e publicada com o timbre da Casa Branca na rede Truth Social, a declaração de Trump foi interpretada por ministros do STF como tentativa de interferência internacional.
Diante da escalada, Moraes decidiu agir preventivamente para evitar que Bolsonaro buscasse proteção internacional. Com a proibição de acesso a embaixadas e a instalação de tornozeleira eletrônica, o Supremo busca garantir o andamento do processo penal sem riscos de evasão ou articulações externas.
Bolsonaro é réu e pode ser condenado por cinco crimes
Na ação penal em curso no STF, Bolsonaro é acusado de cinco crimes: associação criminosa, tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, incitação das Forças Armadas contra os Poderes e uso indevido das prerrogativas da Presidência. O julgamento está previsto para acontecer até o início de setembro.
Na segunda-feira (15), a Procuradoria-Geral da República apresentou as alegações finais e pediu a condenação do ex-presidente. A apreensão de dinheiro em espécie, as restrições judiciais e os indícios de articulação internacional devem pesar na análise final do caso.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/com-risco-de-fuga-detectado-pela-pf-bolsonaro-esta-proibido-de-se-aproximar-de-embaixadas/
