
O Louvre, o museu mais famoso do mundo, fechou as portas para os visitantes após um roubo cinematográfico no último domingo (19), quando ladrões usaram um elevador de carga para entrar no local e levar nove joias da coleção da realeza francesa. O episódio colocou em alerta a segurança dos museus responsáveis pela exposição de peças de monarcas com valor histórico e patrimonial.
Em Paris, apenas a coroa da imperatriz Eugénie de Montijo, mulher de Napoleão III, foi recuperada após ter sido deixada para trás pelos suspeitos durante a fuga. A peça do século XIX tem 1.354 diamantes e 56 esmeraldas.
No Brasil, o Museu Imperial, localizado em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, abriga as principais joias da coroa da família real, que governou o país no século XIX. Entre as peças estão as coroas de Dom Pedro I e Dom Pedro II e o cetro imperial.
Segundo informações do museu, o Palácio Imperial de Petrópolis foi construído por D. Pedro II entre 1845 e 1862 como uma casa de veraneio e transformou-se em um dos mais importantes patrimônios históricos do Brasil. Hoje, a sede do Museu Imperial preserva cerca de 500 mil itens relacionados ao período do Império.
Entre documentos, obras de arte, peças de vestuário, objetos pessoais e itens diplomáticos, apenas 10% do acervo está em exposição na mostra permanente ao público, distribuído em salas temáticas. Entre peças mais valiosas exibidas estão:
- coroa de D. Pedro I (1822): fabricada em ouro cinzelado pelo ourives Manuel Inácio de Loiola, com 36,5 cm de altura e 2,689 kg.
- coroa de D. Pedro II (1841): feita por Carlos Marin, ourives da Casa Imperial, com 639 brilhantes e 77 pérolas, pesando 1,955 kg.
- cetro imperial: exibido na Sala das Insígnias, o cetro utilizado por ambos os imperadores foi confeccionado em ouro e brilhantes, mede 2,51 metros e traz um dragão maciço no topo, símbolo de força e soberania.
- pena de ouro: Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, com a peça, que se tornou um dos maiores ícones da abolição da escravidão no país.
- traje majestático: manto cerimonial de D. Pedro II é confeccionado com penas de papo de tucano e bordado a ouro com estrelas, esferas armilares, dragões e motivos florais.
Coroa de Dom Pedro II foi avaliada em US$ 14 milhões
Em 2007, a especialista em gemologia Jane Gama avaliou a coroa de D. Pedro II em US$ 14 milhões pela presença de diamantes na relíquia forjada em ouro amarelo e verde. “A peça se destaca pela presença de 639 diamantes em lapidação antiga, totalizando uma impressionante soma de 500,32 ct [quilates]. Um verdadeiro testamento da opulência do período imperial”, lembra Gama em postagem feita há dois anos nas redes sociais.
“Após uma análise meticulosa, pude determinar que a coroa possui um valor de mercado superior a US$14 milhões. No entanto, seu valor inestimável reside também na rica tapeçaria de história, cultura e patrimônio que representa para o Brasil, tornando-a verdadeiramente insubstituível”, completa.
Museu tem novo sistema de segurança para proteção das joias da coroa
Instalado a partir do final de 2023, o novo sistema de segurança do Museu Imperial passou a vigiar o local com câmeras inteligentes sem interrupções no monitoramento. Além disso, a instituição começou a ter um controle de entrada e saída dos visitantes com a contagem de pessoas que circulam pelo prédio histórico diariamente.
“Uma câmera com analítico de vídeo foi instalada na Sala da Coroa para o alcance de um monitoramento mais efetivo do espaço em qualquer horário do dia ou da noite”, informou a empresa Alca Network na divulgação do projeto. Procurada pela Gazeta do Povo, a empresa respondeu que não tem autorização para falar sobre o tema.
Conforme a publicação, o monitoramento do fluxo de pessoas possibilita o planejamento em momentos com maiores demandas de atendimento ao público, o que traz segurança para a administração e também para os visitantes. Com os dados de entrada e saída, o sistema também permite que o gestor confirme se há algum visitante na área interna do museu no fechamento do prédio histórico. Além disso, o pátio externo, que já possuía uma câmera, teve a vigilância aprimorada com analítico para proteção maior da área e geração de dados.
Procurado pela Gazeta do Povo, o diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferreira Júnior, disse que não pode divulgar detalhes do sistema de segurança, mas respondeu que as equipes técnicas da instituição “alcançaram prestígio e reconhecimento internacional, tendo prestado inúmeras consultorias” para museus, casas históricas e entidades de cultura.
“Cabe registrar que o acervo e as coleções sob a responsabilidade desta unidade museológica encontram-se em ótimo estado de conservação, seguros, tratados e monitorados de forma a garantir sua integridade física para que os brasileiros e demais públicos do futuro possam usufruir do patrimônio cultural”, afirmou.
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Visitas com pantufas para proteção do piso original do palácio
Por causa das comemorações do bicentenário de nascimento de D. Pedro II, que será celebrado em dezembro de 2025, algumas galerias permanecerão temporariamente fechadas aos visitantes. Segundo o Museu Imperial, a exposição da coroa de D. Pedro II também está suspensa para a manutenção da sua vitrine.
Além da segurança, a organização do local exige cuidados dos visitantes, que não podem tirar fotos com flash pelo risco às telas de obras de arte e ainda precisam tirar os sapatos para entrar no museu. Pantufas são distribuídas aos visitantes com o objetivo de proteger o piso palaciano original.
Com a Proclamação da República, em 1889, o palácio real foi convertido em instituição educacional antes de se tornar o Museu Imperial. Primeiro, abrigou o colégio Notre Dame de Sion (1893-1908). Em seguida, passou a ser sede do Colégio São Vicente de Paulo (1909-1939). O prédio foi transformado oficialmente em museu por decreto assinado em 1940 pelo presidente Getúlio Vargas, após a transferência de mobiliário e objetos históricos do antigo palácio. O Museu Imperial foi inaugurado em 16 de março de 1943.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/como-e-feita-seguranca-joias-da-coroa-brasileira/