
A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta quinta-feira (20/03), em primeira discussão, o projeto de lei 2.647/2023, de autoria da deputada Dani Balbi, que declara a Confraria de Olosun’s como patrimônio cultural imaterial do estado. A votação, realizada nesta quinta-feira (20/03), Dia Internacional da Felicidade, foi marcada por um debate sobre preconceito religioso, levantado por Luiz Paulo (PSD).
A proposta de Dani Balbi busca reconhecer a importância da Confraria, formada por pessoas iniciadas no orixá Osun (Oxum), para a cultura fluminense. A Confraria, que reúne mais de 2,6 mil membros no Brasil, Espanha e Inglaterra, foi fundada pelo Babalorixá Mauro T’Osun e promove a preservação e divulgação das tradições de matriz africana, com foco no culto a Osun, orixá das águas doces, do amor, da beleza e da estética.
Durante a votação, alguns deputados se abstiveram, o que motivou Luiz Paulo a proferir um discurso em defesa do projeto. Ele argumentou que a abstenção era reflexo do preconceito religioso contra as religiões de matriz africana, comparando os orixás aos deuses da mitologia greco-romana.
“Se apresentasse um projeto de patrimônio cultural imaterial do Estado do Rio de Janeiro no dia de Vênus, duvido que alguém votasse contrário porque Vênus é um arquétipo que faz parte da mitologia greco-romana. Só que precede a Vênus o arquétipo de Oxum, são as mesmas, é o mesmo panteão de deuses daquela época. Você está entendendo?”, questionou o deputado.
Ele também citou outros exemplos, como a relação entre Marte e Ogum, para ilustrar a similaridade entre os arquétipos das diferentes mitologias. “Então, perpassa um pouco essas questões ao preconceito que as religiões ocidentais, os arquétipos ocidentais, ou os panteões dos deuses ocidentais podem ser objeto de grandes estudos, mas o panteão dos deuses africanos não”, criticou.
A justificativa do projeto de lei destaca a importância da Confraria de Olosun’s para a perpetuação e preservação da história e cultura dos povos tradicionais de matriz africana. “A Confraria de Olosun’s é formada por pessoas iniciadas da Orixá Osun, onde louvam e dedicam o amor e o carinho à eterna Rainha Mãe. É uma irmandade sediada no Estado do Rio de Janeiro com atuação nacional e internacional”, afirma o texto.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/confraria-de-olosuns-que-pode-ser-declarada-patrimonio-imaterial-do-rio-gera-debate-sobre-preconceito-religioso-na-alerj/