
O ex-presidente Jair Bolsonaro citou, com seu inglês macarrônico, dois bolsonaristas – um vendedor de pipoca e um vendedor de sorvete – presos pelo ataque de 8 de janeiro durante um discurso incompreensível na manifestação deste domingo (6). O ato na Avenida Paulista, em São Paulo, foi usado para defender o projeto de lei que anistia os golpistas.
O primeiro é Carlos Antônio Eifler (54) e o segundo, Otoniel Cruz (45). Ambos foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pela depredação das sedes dos Três Poderes.
Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), eles se associaram a “outros manifestantes” em acampamentos montados em frente a quartéis-generais do Exército e incitaram a “animosidade das Forças Armadas” contra as instituições.
O Supremo formou maioria na última sexta (4) para condenar o pipoqueiro e o sorveteiro por incitação ao crime e associação criminosa. As penas, de um ano de prisão, foram substituídas por medidas restritivas de direito, como prestação de serviços comunitários, proibição de usar redes sociais e participação em curso sobre “Democracia, Estado de Direito e Golpe de Estado”.
À Polícia Federal, Eifler contou que saiu de Lajeado (RS) para Brasília (DF) no dia 8 de janeiro de 2023. Ele passou a noite em um acampamento e ficou no local até o dia 9, quando foi preso por participar dos ataques golpistas. Otoniel deu uma declaração similar: ele relatou que saiu de Porto Seguro (BA) na mesma data.
O vendedor de pipoca afirmou à Justiça que tem ensino superior completo e uma renda de R$ 7 mil por mês. O bolsonarista é dono de uma microempresa que fornece conservas e produtos à base de chocolate, e ficou conhecido por vender pipocas gourmet (caramelizadas, de leite ninho e chocolate, por exemplo) em Lajeado.
Otoniel, por sua vez, disse ter cursado o ensino médio e uma renda mensal de R$ 1 mil a R$ 2 mil. Em audiência, o bolsonarista afirmou que vendia picolés na praia e sua defesa alegou que ele foi a Brasília com a promessa de que comercializaria seus produtos no acampamento golpista.
Os dois faziam parte da mesma leva de denunciados julgada em plenário virtual do Supremo e fecharam um Acordo de Não Persecução Penal com a PGR. Moraes votou para condenar a dupla e foi seguido por quase todos os colegas, exceto Kassio Nunes Marques e André Mendonça, indicados por Bolsonaro.
Na Paulista, em inglês, Bolsonaro afirmou o seguinte: “Popcorn and ice cream sellers sentenced for coup d’État in Brazil (vendedores de sorvete e pipoca condenados por tentativa de golpe de Estado, em português)”, se referindo a Carlos e a Otoniel.
A menção aos bolsonaristas é a nova narrativa do ex-presidente e seus aliados, que antes mencionavam “velhinhas com Bíblia na mão”. A tese de que apenas idosas estavam sendo condenadas pelo ataque já foi desmentida por Moraes.
Com informações do portal Diário do Centro do Mundo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/conheca-os-vendedores-de-pipoca-e-sorvete-citados-em-suposto-ingles-por-bolsonaro-na-paulista/