Após pressão da Organização das Nações Unidas (ONU) e protestos de militantes do PSOL e movimentos indígenas, o Exército instalou cercas cortantes no perímetro externo da COP 30 em Belém, no Pará. A instalação ocorreu neste final de semana e reforça a segurança da chamada “Zona Azul”, que é o pavilhão principal onde ocorrem as principais negociações da conferência climática com representantes estrangeiros.
Na semana passada, um protesto do PSOL furou a barreira e invadiu uma parte do pavilhão e, dias depois, indígenas da etnia Munduruku bloquearam o acesso das delegações nas primeiras horas do dia. Por conta disso, a ONU pediu reforço imediato para garantir a “integridade física” dos representantes e evitar novos incidentes durante o evento.
De acordo com imagens divulgadas pela TV Band, as cercas consistem em grades de aço com as chamadas “concertinas militares”, que são uma espécie de arame farpado com lâminas em espiral, e estão colocadas em uma das vias de acesso. Já imagens da EFE mostram o efetivo de segurança na entrada do pavilhão reforçado por agentes da Força Nacional.
“O Comando MARAJOARA informa que as cercas são equipamentos utilizados pelo Exército Brasileiro como parte do sistema de segurança e, neste caso, utilizadas para delimitar áreas restritas, contribuindo com a proteção dos participantes da Conferência na área da Blue Zone”, confirmou o Exército Brasileiro em nota à Gazeta do Povo.
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A reportagem procurou também a Casa Civil e Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) para comentarem o reforço na segurança com os gradis cortantes e aguarda retorno.
Além dos protestos do PSOL e dos indígenas da etnia Munduruku, atos menores surgiram ao redor da área restrita, envolvendo movimentos socioambientais e sindicatos, causando interrupções temporárias na chegada de delegações internacionais. Esses episódios acenderam o alerta das equipes de segurança do Brasil e do UNDSS, o departamento de segurança das Nações Unidas, que avaliou risco de repetição dos bloqueios.
Organizações indígenas e movimentos climáticos criticaram o uso das cercas cortantes, afirmando que a medida amplia o risco para os manifestantes e reforça o afastamento entre negociações e populações afetadas. Uma liderança ambientalista afirmou que a COP 30 “não pode se transformar em uma fortaleza”, pressionando por mais abertura no diálogo.
À Band, a Casa Civil afirmou não ter envolvimento direto na coordenação das respostas aos protestos, apontando que as ações são conduzidas pelo Exército, forças estaduais e UNDSS. Já o governo do Pará argumenta que reforçou o policiamento externo e defende que as barreiras visam “ordenar o acesso”, garantindo o funcionamento regular de atos previamente autorizados.
Na última sexta (14), após o protesto dos indígenas da etnia Munduruku, o presidente brasileiro da COP 30, André Corrêia do Lago, afirmou que as demandas seriam levadas para discussão na conferência, enquanto que a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) afirmou que pretende avançar nos pedidos até o final deste ano.
Entre as requisições que devem ser analisadas pelo governo estão os projetos de três hidrovias pelos rios Tapajós, Madeira e Tocantins, avanço nas demarcações e fiscalização contra o garimpo ilegal inclusive em áreas onde já ocorreram operações de desintrusão.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/cop-30-instala-cercas-cortantes-evitar-novos-protestos/
