As tensões entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), chegaram a um novo patamar nesta semana. Durante um almoço realizado na terça-feira (8), em Brasília, com integrantes do União Brasil e do governo, Alcolumbre fez duras críticas ao ministro e insinuou suspeitas de corrupção, ainda que sem citar acusações específicas. Entre os presentes estavam a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), e o presidente do União Brasil, Antonio Rueda.
O encontro, que tinha como pauta inicial a relação do partido com o governo federal, acabou dominado pela discussão sobre a permanência de Juscelino Filho (União Brasil) no Ministério das Comunicações — após denúncia da PGR por corrupção passiva — e pela ofensiva de Alcolumbre contra Silveira.
A Folha apurou que esta não é a primeira vez que o presidente do Senado manifesta descontentamento com o ministro. Desde o fim de 2023, Alcolumbre vem sinalizando a aliados e ao Palácio do Planalto que Silveira não tem mais seu apoio. “O presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre, não comentará sobre falsas intrigas e especulações que não são verdadeiras”, informou sua assessoria.
A equipe de Silveira, por sua vez, respondeu em nota: “O ministro não comenta fofocas. Até mesmo por entender que o presidente Davi jamais faria qualquer tipo de afirmação inverídica ou maldosa ao seu respeito”.
Silveira chegou ao ministério com apoio do PSD, indicado por Alcolumbre e Rodrigo Pacheco. No entanto, perdeu respaldo dos antigos aliados ao se aproximar diretamente do presidente Lula e fazer movimentos próprios, como indicações a agências reguladoras. Segundo parlamentares, o ministro virou, nos bastidores, “cota pessoal” do presidente da República.
Alcolumbre já teria levado as queixas ao próprio Lula. Em um almoço recente com o petista e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), voltou a afirmar que Silveira não conta mais com apoio do Senado. Segundo interlocutores, Lula respondeu que “um ministro só permanece no cargo se tiver respaldo político” — frase interpretada como abertura para a substituição.
O clima ficou ainda mais evidente durante viagem de comitiva presidencial ao Japão e ao Vietnã, no fim de março, da qual ambos participaram. Três pessoas relataram que Silveira não trocou sequer palavras com Alcolumbre ou Pacheco ao longo da missão internacional.
Apesar do desgaste, aliados de Lula avaliam que a relação direta construída por Silveira com o presidente ainda o mantém no cargo. Mas reconhecem que a pressão do presidente do Senado tem se intensificado, e sua saída passou a ser tratada como uma possibilidade concreta.
Com informações da Folha de S. Paulo.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/crise-entre-alcolumbre-e-silveira-expoe-racha-no-governo-e-ameaca-permanencia-do-ministro/
