31 de julho de 2025
sanções de Trump a Moraes repercutem na imprensa internacional –
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A sanção imposta pelos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), gerou forte repercussão na imprensa internacional e agravou a tensão diplomática entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e a administração do presidente norte-americano Donald Trump. A medida, aplicada com base na Lei Magnitsky, foi vista como um novo capítulo da crescente guerra comercial e política entre os dois países.

Veículos estrangeiros destacaram o contexto em que as sanções foram anunciadas: uma tentativa de retaliação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentar dar um golpe de Estado após ser derrotado nas eleições de 2022. A Bloomberg descreveu a medida como parte de uma ofensiva dos EUA contra Moraes, que relatou diversas ações judiciais contra Bolsonaro.

A agência Reuters, por sua vez, ligou diretamente a imposição de tarifas de importação de 50% sobre produtos brasileiros à suposta “caça às bruxas” contra o ex-presidente brasileiro, classificada por Trump como injusta. Já o jornal argentino La Nación interpretou a sanção como parte de uma ofensiva direta do governo Trump contra o Judiciário brasileiro.

Em Portugal, a RTP classificou a decisão como mais um lance na “escalada da guerra comercial e diplomática” entre Washington e Brasília, faltando apenas dois dias para a entrada em vigor do tarifaço anunciado pelos EUA.

Sanção inédita a um ministro do STF

A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (30), com o nome de Alexandre de Moraes incluído na lista de indivíduos sancionados sob a Lei Magnitsky Global, legislação que permite ao Executivo norte-americano punir estrangeiros acusados de corrupção ou violação de direitos humanos — mesmo sem necessidade de processo judicial formal.

As sanções impõem o bloqueio de bens nos Estados Unidos, proibição de entrada no país e impedimento de realização de qualquer operação que envolva o sistema financeiro norte-americano. Na prática, isso pode afetar inclusive transações feitas fora do território dos EUA, desde que envolvam ativos dolarizados ou bancos com sede americana.

Interlocutores próximos a Moraes afirmam, no entanto, que o ministro não possui bens, contas ou investimentos nos Estados Unidos. Seu visto para entrada no país também estaria vencido há dois anos, e ele não teria demonstrado interesse em renová-lo.

Reação institucional brasileira

A decisão provocou reação imediata dentro do STF. Ministros da Corte defendem que a Advocacia-Geral da União (AGU) conteste a legalidade da sanção em tribunais internacionais e na própria Justiça norte-americana. Segundo esses magistrados, os Estados Unidos violam sua própria legislação ao aplicar a norma de forma politicamente motivada.

“A Lei Magnitsky exige evidências substanciais de violações de direitos humanos. O caso de Moraes não atende aos critérios e se trata de clara retaliação política”, afirmou um ministro do Supremo sob condição de anonimato.

O presidente Lula também se posicionou, em entrevista ao New York Times, dizendo que “o Supremo deve ser respeitado não só no Brasil, mas em todo o mundo”, em resposta às sanções. Integrantes do governo avaliam que a decisão representa um “passo atrás” nas tentativas de aproximação comercial entre os dois países.

Além da sanção, Alexandre de Moraes também é alvo de uma ação judicial em solo norte-americano movida por duas empresas: a plataforma de vídeos Rumble e a Trump Media & Technology Group, dona da rede Truth Social. Ambas o acusam de violar a Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que garante liberdade de expressão, ao ordenar a remoção de contas de influenciadores bolsonaristas de suas plataformas.

A AGU já acompanha o caso por meio de seu escritório nos Estados Unidos, considerando-o parte da ofensiva coordenada contra o Judiciário brasileiro.

Tensão em alta e desdobramentos imprevisíveis

Com as sanções entrando em vigor às vésperas da aplicação das novas tarifas comerciais americanas, o governo brasileiro avalia que a crise com os Estados Unidos atingiu um novo patamar. Especialistas alertam para o risco de retaliações diplomáticas e de impactos nas relações econômicas bilaterais.

A expectativa é de que ministros do Supremo se manifestem publicamente sobre o caso na reabertura dos trabalhos da Corte, nesta sexta-feira (1º). Nos bastidores, o clima é de indignação e a leitura predominante é de que a ofensiva americana mira não apenas Moraes, mas também a legitimidade do sistema judiciário brasileiro.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/crise-entre-eua-e-brasil-se-agrava-sancoes-de-trump-a-moraes-repercutem-na-imprensa-internacional/