30 de setembro de 2024
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As cerimônias de oferendas aos orixás – comuns em cultos de religiões de matriz africana – também deverão seguir práticas de sustentabilidade ambiental. O tema foi debatido nesta segunda-feira (30/09), em audiência pública da Comissão do Cumpra-se, da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), e pode incluir até mesmo cursos de capacitação com líderes religiosos.

A ideia inicial é elaborar um projeto de lei para instituir um programa de incentivo a essa prática, especialmente em áreas ambientalmente sensíveis. A proposta inclui o recolhimento de velas ao fim dos cultos, a disposição de lixeiras de grande porte e que o local de veneração seja de fácil acesso para as operadoras de limpeza urbana.

Autor da medida, o presidente da Comissão, deputado Carlos Minc (PSB), diz que se baseou no Decálogo das Oferendas, texto que reúne normas voltadas para a educação ambiental e religiosa.

O documento existe há 17 anos e é uma iniciativa redigida por diversos líderes religiosos tendo em vista o risco ambiental que oferendas podem causar, justamente devido ao uso de elementos como velas, carcaças de animais, garrafas de vidro e potes de barro.

“Como todo decálogo, são dez pontos que abordam condutas para realizar cultos sem deixar resíduos. No entanto, também é necessário exigir o apoio do poder público para garantir infraestrutura adequada, como banheiros e local de depósito sustentável dos resíduos religiosos”, disse o parlamentar.

Deputado Carlos Minc dando explicações sobre a proposta ambiental

Curso de capacitação

Mas isso não para por aí. A superintendente de Educação Ambiental e Sustentabilidade do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Irlaine Alvarenga, acredita que seja necessário até mesmo um curso de capacitação de educação ambiental com líderes religiosos e a população de todos os municípios do estado.

“Estamos trabalhando para promover ações de diálogo em questões que são sensíveis à preservação da natureza e à realização dos ritos religiosos. Dessa forma, é possível não só combater o preconceito, mas também garantir o acesso à educação, informação e sustentabilidade de maneira democrática”, pontuou.

O vice-presidente estadual do Instituto Carta Magna da Umbanda do Rio de Janeiro, Pai Waguinho, ressaltou a importância da reflexão dos terreiros quanto às práticas religiosas e ao meio ambiente:

“A gente não quer mexer na tradicionalidade. Ao contrário, a gente quer propor reflexões e melhorar, sem tirar a essência das nossas práticas. Nós somos os principais defensores da natureza e do meio ambiente e o que a gente está desenvolvendo é uma readaptação das nossas práticas para melhor cuidar do meio ambiente”.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/cultos-religiosos-no-rio-poderao-ter-que-seguir-praticas-de-sustentabilidade-ambiental/