Cultura das arquibancadas será reconhecida como patrimônio imaterial do Rio – Agenda do Poder

A paixão das arquibancadas, com seus cantos, bandeiras e instrumentos musicais, deu um passo decisivo para ser reconhecida oficialmente como patrimônio cultural imaterial do Estado do Rio.

Foi aprovado em segunda discussão na Assembleia Legislativa (Alerj), nesta terça-feira (19), o texto que consagra a chamada cultura de arquibancada como parte da identidade fluminense, em referência ao torcedor Jayme de Carvalho, criador da histórica Charanga Rubro-Negra.

De autoria da deputada Zeidan (PT), o projeto de lei 5.513/2022 abrange as manifestações musicais, coreográficas, rituais coletivos e demais práticas que fazem parte da experiência de torcer nos estádios. O reconhecimento busca preservar tradições que, além de estarem ligadas ao futebol, refletem o modo de viver das torcidas cariocas e fluminenses.

A origem da Charanga

Jayme de Carvalho fundou a Charanga Rubro-Negra em 1942, considerada a primeira torcida organizada do país, embora outros clubes também reivindiquem esse pioneirismo. Sua importância já havia sido registrada em 1977, quando uma lei estadual autorizou a nomeação de um logradouro em sua homenagem.

Zeidan lembrou que manifestações semelhantes se multiplicaram a partir da Charanga em clubes de todo o Brasil. Para ela, reconhecer esse movimento é uma forma de valorizar a memória coletiva. “Foi no Rio que surgiu a Charanga do Seu Jaime, que deu origem a outras tantas de outros clubes pelo Brasil inteiro”, afirmou a parlamentar.

Patrimônio cultural

O texto destaca que o futebol, no Rio de Janeiro, vai além do esporte: é parte essencial da identidade cultural local. “Não existe nada mais carioca do que o gosto de ir aos estádios e de participar dos jogos ao lado de seus companheiros de time”, diz a justificativa.

A cultura de arquibancada passa, assim, a ser enquadrada nos critérios de reconhecimento de bens imateriais estabelecidos pela legislação estadual. Além da Charanga Rubro-Negra, a medida contempla práticas de torcidas de diferentes clubes, reforçando seu papel como expressão da memória, da sociabilidade e da identidade fluminense.

Com a aprovação em segunda discussão, a iniciativa segue para análise final do governador.