2 de agosto de 2025
destino de Bolsonaro divide país e maioria não acredita que
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Uma nova pesquisa do instituto Datafolha mostra que o Brasil segue profundamente dividido em relação ao destino judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o levantamento, 48% dos brasileiros afirmam que gostariam de vê-lo preso em decorrência do julgamento da tentativa de golpe de Estado em 2022, enquanto 46% defendem que ele permaneça em liberdade.

Apesar desse equilíbrio nas opiniões, a maioria dos entrevistados — 51% — acredita que Bolsonaro conseguirá evitar a prisão. Outros 40% avaliam que ele será condenado, e 6% preferiram não opinar. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

A sondagem foi realizada nos dias 29 e 30 de julho, em meio à escalada das tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. O atual presidente norte-americano, Donald Trump, tem usado o caso de Bolsonaro como símbolo de suposta perseguição política, a fim de justificar a imposição de tarifas mais altas a produtos brasileiros. A movimentação é apoiada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que se mudou para os EUA para liderar a campanha internacional por anistia.

Oscilação e estabilidade nos índices

Os números apontam uma leve mudança de percepção em relação ao último levantamento feito em abril. Na ocasião, 52% defendiam a prisão do ex-mandatário, enquanto 42% eram contrários à medida. A avaliação sobre o desfecho do julgamento, previsto para setembro no Supremo Tribunal Federal (STF), se manteve praticamente estável: antes, 52% achavam que ele escaparia da condenação; agora, são 51%.

Nos recortes por perfil, o apoio a Bolsonaro é mais forte entre eleitores de classe média baixa, moradores da região Sul, evangélicos e simpatizantes do ex-presidente. Já os que mais desejam sua prisão são os que ganham até dois salários mínimos, eleitores nordestinos e apoiadores do PT.

Acusações, riscos e impactos internacionais

Bolsonaro será julgado pela acusação de ter articulado, junto a aliados políticos e militares, uma conspiração para permanecer no poder mesmo após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), a suposta trama fracassou, mas acabou culminando nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas por manifestantes em Brasília.

O ex-presidente nega todas as acusações. Se condenado, pode pegar entre 12 e 43 anos de prisão.

O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, também entrou na mira da Casa Branca. Após impor medidas restritivas a Bolsonaro, Moraes teve o visto americano revogado. Mais recentemente, tornou-se alvo de sanção baseada em uma lei norte-americana que permite o congelamento de bens de estrangeiros acusados de violações de direitos humanos — medida que, segundo juristas, foi desenhada para autocratas e criminosos de guerra, o que pode embasar sua contestação judicial.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/datafolha-destino-de-bolsonaro-divide-pais-e-maioria-nao-acredita-que-ele-sera-preso/