A tensão entre Marina Silva e Heloísa Helena, principais lideranças da Rede Sustentabilidade, se aprofundou após a apresentação de uma representação disciplinar contra a ex-senadora e o porta-voz do partido, Wesley Diógenes. No documento, protocolado em 5 de fevereiro, aliados da ministra acusam os dirigentes de abuso de poder, manipulação de processos internos e autoritarismo em estados como São Paulo, Amazonas e Pará.
Assinado por Diego Gonçalves, Fernando Oliveira, Débora Morais e Thayana Amorim, o texto denuncia que, no Amazonas, Heloísa e Diógenes tentaram desativar o diretório estadual, enquanto, no Pará, dirigentes foram afastados após denunciarem irregularidades no uso de verbas. A peça argumenta que ambos promoveram perseguição política e feriram os princípios do partido.
“Como argumentar que não ocorreu grave infração das disposições legais e estatutárias, ou que as ações tomadas por HELOÍSA HELENA e WESLEY DIÓGENES não representam inobservância severa dos princípios programáticos acima elencados e dos deveres partidários? (…) Tal postura revelou atuação ímproba na condução dos negócios partidários e feriu de morte os deveres de incumbência dos representados”, diz um trecho da representação.
Representação pede abertura de processo ético e disciplinar
Fernando Oliveira, um dos signatários, afirmou que a ação visa coibir práticas autoritárias e garantir maior transparência no partido:
— O uso de práticas autoritárias e a manipulação indevida do sistema de filiação representam uma afronta aos valores do partido e à sua missão de promover uma política mais justa, participativa e transparente. A representação disciplinar apresentada visa à abertura de um processo ético e disciplinar rigoroso para que tais atitudes não fiquem impunes.
Diante das denúncias, o grupo pede a abertura de um processo disciplinar, que pode resultar na destituição ou expulsão dos dirigentes. Nos bastidores, aliados de Marina afirmam que os signatários passaram a sofrer ameaças após a formalização da queixa.
Procurada, Heloísa Helena lamentou a briga pública e atribuiu as acusações à insatisfação de um grupo que perdeu espaço dentro do partido:
— Infelizmente essa turma perdeu o Congresso do partido e não se conforma, se comportam como vampiros insaciáveis querendo sangrar o partido publicamente e insistindo em destruir a maioria da direção partidária eleita legitimamente no Congresso do partido.
Racha ideológico entre Marina e Heloísa
A disputa expõe a divisão no diretório nacional da Rede, refletindo diferenças ideológicas entre Marina e Heloísa. Enquanto Marina se define como “sustentabilista”, Heloísa defende o “ecossocialismo”, que vincula preservação ambiental a mudanças econômicas estruturais. Além disso, há divergências sobre a relação com o governo federal: Marina integra a gestão Lula como ministra do Meio Ambiente, enquanto Heloísa mantém posição crítica ao PT desde sua expulsão da legenda, em 2003.
A crise se intensificou em 2023, com a destituição de Juliana Sá da tesouraria nacional, decisão revertida na Justiça. O grupo de Marina afirma que vem sendo excluído de reuniões estratégicas, enquanto os atuais dirigentes negam irregularidades e alegam respaldo da maioria partidária.
Com informações de O Globo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/de-mal-a-pior-marina-silva-e-heloisa-helena-ampliam-embate-e-disputa-abala-rede/
