11 de março de 2025
De olho em 2026, Raquel Lyra se filia ao PSD
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A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, oficializou sua filiação ao PSD na noite desta segunda-feira em um evento marcado por um clima de festa, com locutor, jingle e discursos em prol de sua reeleição. Egressa do PSDB, a agora ex-tucana realiza a troca partidária já de olho nas eleições de 2026 e aproveitou a solenidade para alfinetar seu principal adversário, o prefeito de Recife, João Campos (PSB). Sem citá-lo nominalmente, Lyra disse:

— Não estamos aqui esquentando cadeira para quem quer voltar ao poder — afirmou, em referência aos 16 anos que o PSB esteve à frente do estado — estamos fazendo um projeto.

Raquel Lyra ainda gradeceu ao PSDB, partido pelo qual disputou três eleições, e destacou a persistência de Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, durante as negociações que se estenderam desde outubro do ano passado.

Sua entrada em um partido da base do governo federal faz com que o Nordeste passe a ser inteiramente chefiado por governadores aliados. A migração também coloca o Planalto em posição delicada caso decida apoiar publicamente Campos, já que o PSD também faz parte da gestão.

O evento de filiação ocorreu em Recife e contou com a presença dos três ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que fazem parte do PSD Alexandre Silveira (Minas e Energia), Carlos Fávaro (Agricultura) e André de Paula (Aquicultura e Pesca). As senadoras Eliziane Gama (MA) e Zenaide Maia (PB) também prestigiaram a pernambucana.

Em seu discurso, Kassab afirmou que Raquel Lyra é uma das mulheres mais proeminentes da política atual e manifestou esperança de que ela será reeleita em 2026. O dirigente chegou a projetar a governadora como possível candidata à Presidência da República em 2030.

— Não tenho dúvidas de que, com a reeleição de Raquel, o Brasil começará a sonhar com ela na Presidência — afirmou Kassab, que também anunciou a nomeação da governadora como presidente estadual do PSD, substituindo André de Paula.

Ministros discursam

Primeiro a discursar, André de Paula disse estar emocionado com a filiação de Raquel Lyra, a quem classificou como uma das maiores lideranças nacionais.

— Hoje, estou entregando a presidência estadual a Raquel Lyra, que nos liderará. Raquel, você sabe que eu tinha uma vontade enorme de estar ao seu lado. A casa é sua, e nós vamos ganhar a próxima eleição — declarou o ministro.

Alexandre Silveira, por sua vez, prometeu auxílio à governadora da Esplanada dos Ministérios, em nome dos três titulares.

— Nós, três ministros, vamos trabalhar para defender os interesses de Pernambuco com Raquel. Nós estaremos de mãos dadas para mostrar a importância de você continuar defendendo os interesses como governadora (…) nossos gabinetes vão se estender por todos de Brasília.

A presença de ministros e aliados do governo federal reforçou a intenção de Raquel Lyra de estreitar laços com o Planalto. Nas últimas semanas, a governadora tem intensificado articulações em Brasília, especialmente com o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), a quem considera um aliado próximo. Em Pernambuco, o PT está dividido enquanto a ala estadual apoia Lyra, o diretório municipal mantém aliança com João Campos.

Políticos críticos ao governo Lula também participaram do evento, como o prefeito de São Luís, Eduardo Braide.

A saída de Raquel Lyra do PSDB reflete a fragilidade do partido em nível nacional. No PSD, a governadora terá acesso ampliado a recursos partidários, considerados estratégicos para sua candidatura à reeleição em 2026. Outro fator relevante é o tempo de propaganda eleitoral. Com 42 deputados federais e o maior número de prefeituras do país, o PSD oferecerá a Lyra um tempo de televisão significativamente maior, o que será crucial em um eventual confronto com João Campos, que deve reunir grande parte da esquerda em uma coligação.

‘Partido compatível com uma governadora’

Apesar da aproximação com o governo federal, dirigentes do PSD negam que essa tenha sido a motivação da mudança partidária. Em entrevista à Rádio Jornal, Gilberto Kassab afirmou que a entrada de Lyra no partido não está relacionada a uma aproximação com o presidente Lula.

— Ela não veio para o PSD por estar próxima ou distante de Lula. Ela veio ao PSD porque é um partido em crescimento, compatível com a presença de uma governadora. Um governador ou uma governadora precisa de um partido forte, e o Brasil caminha para ter poucos e grandes partidos — destacou Kassab.

O dirigente afirmou ainda que a reeleição de Raquel Lyra dependerá do desempenho de seu governo. — Qualquer que seja o cenário nacional, se Raquel estiver bem no governo, será reeleita — concluiu.

Acalmando os ânimos

Apesar do crescimento nacional do PSD, que elegeu o maior número de prefeitos no último pleito, o partido não possui deputados estaduais em Pernambuco e administra apenas 20 prefeituras no estado. Por outro lado, o PSDB, com apoio de Lyra, elegeu 32 prefeitos e conta com uma bancada de três parlamentares na Assembleia Legislativa.

Para evitar tensões, Raquel Lyra articulou um gesto político sua vice, Priscila Krause, filiou-se ao PSDB no último domingo. Antes no Cidadania, Krause compareceu à solenidade de filiação da governadora ao PSD.

A movimentação busca mitigar o risco de um rompimento com o PSDB, especialmente diante da relação conturbada entre a governadora e o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto (PSDB), que mantém bom trânsito com João Campos. Desde o início do mandato de Lyra, a relação entre os dois tem sido distante, o que alimenta especulações sobre uma possível migração do PSDB para a oposição ou independência em relação ao governo estadual.

Com informações de O Globo

Fonte: https://agendadopoder.com.br/de-olho-em-2026-raquel-lyra-se-filia-ao-psd-com-a-presenca-de-ministros-de-lula-e-alfineta-joao-campos/