20 de abril de 2025
Defesa de Bolsonaro ao STF diz que Cid mentiu e
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A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou nesta quinta-feira (6) sua resposta ao Supremo Tribunal Federal (STF) dentro do prazo de 15 dias determinado pelo ministro Alexandre de Moraes. No documento, o advogado Celso Villardi sustenta que o tenente-coronel Mauro Cid mentiu em sua delação premiada e que suas declarações “beiram o ridículo”, informa Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo. O defensor também acusa a Polícia Federal de conduzir uma “pesca probatória” vedada pela lei.

Villardi argumenta que Cid descumpriu o dever de sigilo previsto em seu acordo de colaboração ao comentar detalhes da delação. Ele cita um episódio em que o ex-ajudante de ordens foi gravado por um interlocutor relatando que teria sido pressionado pela PF a incriminar Bolsonaro. O advogado destaca que, ao ser questionado pelo juiz Airton Vieira sobre quem seria esse interlocutor, Cid respondeu que não sabia ao certo, mas que acreditava tratar-se de um familiar ou amigo próximo.

“A estória de que o interlocutor era um familiar ou amigo próximo beira o ridículo, como também soa patética a afirmação de que não se lembra com quem teria mantido o diálogo”, afirma a defesa. “E é de se indagar: por que ele mentiria para um familiar ou amigo muitíssimo próximo afirmando que estava sendo coagido pela Polícia para confirmar uma narrativa pronta?”, questiona Villardi. Para ele, Cid teria mentido para a PF por estar sob pressão.

Defesa cita declarações de José Múcio para desconsiderar tese do golpe

A defesa também argumenta que, mesmo que se acreditasse na versão de Cid sobre o vazamento, a divulgação da delação seria motivo suficiente para sua rescisão, conforme previsto no contrato de colaboração premiada.

Os advogados de Bolsonaro ainda criticam a Procuradoria-Geral da República (PGR), afirmando que a acusação desconsidera trechos da delação que contrariam a tese de que o ex-presidente teria articulado um golpe. Como argumento, citam declarações do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.

“Em recente entrevista ao programa Roda Viva, o atual Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, foi taxativo ao afirmar que, no início de dezembro de 2022, já havia sido escolhido pelo Presidente Lula para o cargo no Ministério da Defesa”, destacam os advogados.

“O Ministro conta que estava enfrentando dificuldades para ser recebido pelos comandantes militares naquele momento, ainda no começo de dezembro de 2022, e diz que foi pedir a ajuda do peticionário para uma transição tranquila. E o que faz o peticionário [Bolsonaro]? Segundo o Ministro da Defesa, o peticionário imediatamente telefonou aos 3 comandantes das Forças Armadas e contribuiu para uma transição tranquila. O Ministro registra que foi recebido pelos comandantes, e que inclusive abriu-se espaço para que o Comando do Exército, principal força militar brasileira, fosse transmitido antes da posse do Presidente Lula”.

A defesa conclui que a transmissão do poderio militar contradiz a tese de que Bolsonaro teria tentado um golpe de Estado.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/defesa-de-bolsonaro-ao-stf-diz-que-cid-mentiu-e-que-declaracoes-beiram-o-ridiculo/