24 de novembro de 2024
Depois de saraivada de críticas de parlamentares de oposição que
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O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) deixou nesta quinta-feira (17) o grupo de WhatsApp de parlamentares da oposição no Congresso poucos dias após ter participado de um evento no Palácio do Planalto voltado para evangélicos, onde fez uma oração pelo presidente Lula.

Sua saída ocorreu em meio a descontentamentos de outros deputados, que se sentiram “insultados” pela posição de Otoni em favor do presidente. De acordo com membros do grupo, Otoni enviou aos colegas uma entrevista que concedeu ao Globo na qual afirma que a igreja não pertence nem ao bolsonarismo, nem ao petismo. O deputado solicitou que seus colegas lessem a entrevista para entender melhor sua perspectiva.

No entanto, a reação de alguns parlamentares foi negativa. Um deles contestou Otoni, afirmando que Lula “não sabe o que é Jesus”. Outro membro do grupo acrescentou que a declaração do deputado era um “insulto ao grupo”. Essa troca de opiniões evidencia as tensões internas entre os parlamentares de oposição.

Depois das falas dos colegas, Otoni decidiu sair do grupo da oposição no Congresso. À GloboNews, o deputado disse que tomou a atitude para “deixá-los à vontade”. “Até para falarem mal de mim também, por isso saí do grupo e sigo meu caminho”, disse.

Um deputado que faz parte do grupo de oposição diz que Otoni “já dava sinais há muito tempo” de que se aproximava do governo.

“O grupo da oposição é para quem é de oposição. Ele fez a opção de ser governo, é direito dele, mas não dá para ficar no grupo”, disse sob reserva.

Otoni e outros parlamentares disseram que, há algumas semanas, o emedebista já tinha saído de outro grupo no WhatsApp da Oposição – este, focado na Câmara dos Deputados. Isso ocorreu por desgastes relacionados ao apoio que Otoni deu ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), na campanha pela reeleição.

Na terça-feira, Otoni participou da cerimônia de sanção da lei que estabelece 9 de junho com o “Dia da Música Gospel”. O evento foi mais uma tentativa do governo de se aproximar dos evangélicos.

Na ocasião, o deputado chamou Lula de “meu presidente”, elogiou a convivência com o presidente e disse que as igrejas não são de “direita ou de esquerda”.

Apesar da tentativa do governo Lula de se aproximar do grupo, a frente evangélica se divide dentro do Congresso.

A ala mais próxima a Jair Bolsonaro diz que Otoni faz um movimento isolado em direção ao presidente Lula e que as posições dele não estão sendo bem recebidas na bancada.

Segundo esses parlamentares, o governo Lula só se aproximaria dos evangélicos se defendesse uma pauta ideológica e conservadora, por exemplo se declarando abertamente contra as drogas e o aborto.

Por outro lado, parlamentares evangélicos mais pragmáticos defendem a interlocução com o governo e admitem que a frente parlamentar evangélica perdeu força no governo Lula. Segundo eles, Otoni foi destacado para fazer essa aproximação.

Cientes de que Lula não deve se posicionar a favor de pautas conservadoras, esses integrantes avaliam que uma saída seria o governo se posicionar favorável às demandas dos evangélicos na reforma tributária – por exemplo, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que amplia a imunidade tributária das igrejas.

A avaliação desses integrantes é que o governo Lula teria que abraçar uma bandeira como essa, conversar com as lideranças evangélicas e publicizar essa defesa.

Essa ala vê a tentativa de aproximação de Lula aos evangélicos como uma reação do governo após notar as dificuldades nas eleições municipais. Uma saída para melhorar os resultados do PT, portanto, seria essa aproximação.

Com informações do g1.  

Fonte: https://agendadopoder.com.br/depois-de-saraivada-de-criticas-de-parlamentares-de-oposicao-que-se-sentiram-insultados-otoni-de-paula-deixa-grupo-de-whatsapp/