
A deputada federal Marussa Boldrin (MDB-GO) denunciou publicamente o ex-marido, o advogado Sinomar Vaz de Oliveira Júnior, por agressões físicas e ameaças, afirmando que foi enforcada, espancada e jogada ao chão em episódios de violência doméstica.
A informação foi divulgada pelo portal G1 na segunda-feira e ampliada nesta terça-feira, 30. O caso, que já tramita sob segredo de Justiça, gerou ampla repercussão no meio político e mobilizou manifestações de apoio à parlamentar.
“Ele me bateu muito. Ele me bateu com tapa, com soco na cara, enforcando meu pescoço. Me jogou no chão por várias vezes”, declarou a deputada, em um relato contundente. Marussa também afirmou que, por medo, chegou a evitar dormir de costas para o ex-companheiro e que foi ameaçada com uma arma que, segundo ela, ele mantinha no carro. A deputada acredita que os episódios de violência teriam sido motivados por “ciúmes profissionais”, destacando que o ex-marido demonstrava desconforto com sua atuação política: “Tinha ciúmes de uma reunião, de eu estar com pessoas fortes politicamente, e não era ele que estava lá”.
A parlamentar afirma ter procurado a polícia, feito boletim de ocorrência, corpo de delito e pedido medida protetiva. “Tive coragem de procurar a delegacia, de fazer o boletim de ocorrência e o corpo de delito e pedir uma medida protetiva. Porque não cabe amor onde existe violência”, escreveu em carta aberta publicada nas redes sociais.
Repercussão política
O caso foi levado à tribuna da Câmara dos Deputados nesta segunda-feira. Parlamentares de diferentes partidos prestaram solidariedade a Marussa Boldrin. Em suas redes sociais, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), também declarou apoio à deputada: “Marussa não está sozinha. Não podemos aceitar, em hipótese alguma, que a violência contra a mulher ainda persista em nossa sociedade”, disse.
O MDB, partido da deputada, publicou uma nota oficial em conjunto com o núcleo MDB Mulher, destacando a coragem de Marussa em tornar pública sua experiência. “Romper o silêncio exige coragem. Apoiar quem rompe esse silêncio é um dever de todos nós. […] Seguiremos firmes na defesa da dignidade, da segurança e da liberdade de todas as mulheres”, diz o texto.
Posicionamento do acusado e da OAB
Em nota divulgada à imprensa, a defesa de Sinomar Vaz afirmou que as questões relativas ao divórcio estão sendo tratadas exclusivamente pela Justiça e que “as redes sociais não são o meio adequado para tratar de questões familiares tão sensíveis”. A nota também alega que há elementos nos autos que apontam violações de deveres conjugais por parte da ex-esposa, os quais serão analisados em juízo oportuno.
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) declarou que acompanha o caso com atenção, embora não tenha, até o momento, instaurado procedimento disciplinar, já que a situação relatada não tem vínculo direto com o exercício da advocacia. A entidade disse permanecer à disposição para análise dos fatos, caso seja provocada formalmente pelas partes envolvidas.
Investigação e sigilo
Procurada pelo g1, a Polícia Civil de Goiás ainda não divulgou detalhes sobre o andamento das investigações. O processo corre sob segredo de justiça. Ainda assim, o caso trouxe à tona o debate sobre violência doméstica e a necessidade de apoio institucional a mulheres vítimas de agressões, inclusive quando ocupam posições de destaque na política nacional.
A denúncia de Marussa reacende o alerta sobre o papel das instituições na proteção de mulheres em situações de risco e reforça a importância de quebrar o silêncio em casos de abuso — mesmo diante do julgamento público e do desgaste pessoal que isso pode representar.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/deputada-marussa-boldrin-denuncia-que-foi-enforcada-e-jogada-ao-chao-varias-vezes-pelo-ex-marido/