9 de agosto de 2025
‘não entendi o que estava acontecendo’ – Agenda do Poder
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Foto: Reprodução

O deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) afirmou, em vídeo publicado nas redes sociais, que não compreendeu o que ocorria no momento em que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tentava retomar seu lugar na sessão que pôs fim à obstrução bolsonarista no Congresso, na última quarta-feira. Ao lado de Marcel Van Hattem (Novo-RS), Pollon foi um dos últimos a deixar o assento da presidência antes de Motta reassumir a condução dos trabalhos.

O parlamentar é um dos 14 congressistas denunciados por Motta à Corregedoria da Câmara por participação no motim que impediu o funcionamento do plenário por cerca de 30 horas. Se a representação avançar, os envolvidos poderão ter os mandatos suspensos por até seis meses.

Na gravação, Pollon negou que Van Hattem o tivesse incentivado a permanecer na cadeira de Hugo Motta. “Estão dizendo que ele sentou na cadeira do Hugo Motta e que ele me incentivou a ficar lá. Isso é mentira. Olhem as imagens. Eu sou autista e não estava entendendo o que estava acontecendo naquele momento”, declarou.

Ele disse que se sentou para pedir orientação ao colega após o “rito de desocupação”, acordado previamente, não ter sido seguido. “Nós desceríamos antes que o presidente à mesa subisse”, explicou. Pollon argumentou que Van Hattem estava apenas prestando apoio: “Atribuem ao Marcel a ocupação das cadeiras da mesa. Não, Marcel estava lá como uma pessoa para dar suporte para um autista. Várias vezes, pelo vídeo que eu fiz, dá para ver eu não estava entendendo.”

Ainda no vídeo, o deputado condicionou sua saída do local a um acordo que contemplasse os acusados e condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. “Deixei isso bem claro, só sairia dali quando nós tivéssemos uma resposta positiva para as vítimas do 8 de janeiro”, disse.

Na quinta-feira, Van Hattem deu outra versão à colunista Bela Megale, alegando que resistiu por não ter sido informado sobre o acordo que encerraria a paralisação. “Quando o Hugo Motta chegou à mesa, os deputados ainda estavam sendo informados do acordo firmado. Falei com o Pollon (PL-MS) que também não sabia de nada e decidimos ficar lá mais um tempo. Eu só aceitei sair depois que falei com Nikolas Ferreira (PL-MG) e o Zucco (PL-RS) que estavam costurando a tratativa com os outros líderes do PP, PSD e União Brasil”, relatou.

Tramitação da denúncia

A Mesa Diretora da Câmara se reuniu nesta sexta-feira para tratar do episódio. Além dos parlamentares da oposição citados na representação, a deputada Camila Jara (PT-MS), acusada pelo PL de empurrar Nikolas Ferreira durante a sessão, também terá seu caso analisado pela Corregedoria. Ela, porém, não integra a lista principal por não ter atuado diretamente na obstrução.

A Corregedoria tem 48 horas para se manifestar sobre os pedidos de suspensão. Caso dê parecer favorável, o processo segue para a Mesa Diretora e, depois, para o Conselho de Ética, que tem três dias úteis para votar. Se não houver recurso ao plenário, a decisão será confirmada.

A obstrução, protagonizada por deputados bolsonaristas, terminou na quarta-feira cerca de duas horas após o prazo acordado com Motta, que era de 20h30. Sem consenso, o presidente da Câmara decidiu retomar a sessão mesmo assim, mas enfrentou resistência para reassumir seu posto.

Deputados que terão representações analisadas:

  • Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
  • Nikolas Ferreira (PL-MG)
  • Zucco (PL-RS)
  • Allan Garces (PP-MA)
  • Carol de Toni (PL-SC)
  • Marco Feliciano (PL-SP)
  • Domingos Sávio (PL-MG)
  • Marcel Van Hattem (Novo-RS)
  • Zé Trovão (PL-RS)
  • Bia Kicis (PL-DF)
  • Carlos Jordy (PL-RJ)
  • Paulo Bilynskyj (PL-SP)
  • Marcos Pollon (PL-MS)
  • Julia Zanatta (PL-SC)

Fonte: https://agendadopoder.com.br/deputado-bolsonarista-diz-que-demorou-a-desocupar-cadeira-de-motta-por-ser-autista-nao-entendi-o-que-estava-acontecendo/