O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) vai começar a analisar na próxima semana pelo menos cinco pedidos de cassação contra o deputado estadual Renato Freitas (PT), que se envolveu em uma briga de rua com outro homem na última quarta-feira (19), no centro de Curitiba.
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O caso ganhou repercussão após o compartilhamento de vídeos nas redes sociais mostrando o deputado e o manobrista Weslley de Souza Silva, de 23 anos, trocando socos. Um assessor de Freitas também se envolveu na confusão, que terminou após outras pessoas intervirem.
No mesmo dia, foram encaminhadas à presidência da Alep cinco representações contra o petista. Por causa do recesso parlamentar, devido ao feriado do Dia da Consciência Negra, é possível que mais pedidos sejam protocolados a partir da próxima segunda-feira (24). Veja abaixo quem protocolou os pedidos até quarta-feira:
- Delegado Tito Barichello (União Brasil) – deputado estadual
- Ricardo Arruda (PL) – deputado estadual
- Guilherme Kilter (Novo) – vereador de Curitiba
- Jeffrey Chiquini – advogado de Weslley de Souza Silva
- Willian Rocha – coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL) no Paraná
Segundo o presidente da Alep, deputado Alexandre Curi (PSD), todos os pedidos serão encaminhados ao Conselho de Ética no reinício dos trabalhos legislativos na segunda-feira. “Quero garantir aos paranaenses que a Casa do Povo vai agir com celeridade, muito rigor e agora, através do nosso Código de Ética, com segurança jurídica e transparência”, afirmou Curi.
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Com longo histórico de denúncias na Alep, o petista Renato Freitas pode ser punido com base no novo Código de Ética e Decoro Parlamentar, que foi aprovado pela Alep em setembro. O texto contempla 20 atos considerados incompatíveis com o exercício parlamentar, entre eles “agressões físicas ou assédio”. Caso seja enquadrado nesse ato, o deputado poderá perder o mandato.
O Conselho de Ética da Alep é formado por parlamentares de partidos que se opõem ao PT. O próprio petista é membro do conselho, mas terá de se ausentar da análise dos casos contra ele. A formação atual tem os seguintes parlamentares:
- José Aparecido Jacovós (PL) – presidente
- Marcio Pacheco (PP) – vice-presidente
- Artagão de Mattos Leão Jr (PSD)
- Delegado Tito Barichello (União Brasil)
- Dr. Leônidas (Cidadania)
- Márcia Huçulak (PSD)
- Renato Freitas (PT)
O deputado Delegado Tito Barichello é um dos principais opositores de Freitas na Alep. Ele já apresentou pedidos de cassação contra o petista em outras ocasiões. Além da nova denúncia contra o petista, ele disse que pedirá a demissão do assessor de Freitas, que se envolveu na briga. “Esse rapaz tem que ser demitido da Assembleia Legislativa”, afirmou.
Essa não será a primeira vez que Renato Freitas enfrentará o Conselho de Ética. Neste ano, após um protesto dentro de um supermercado de Curitiba, ele foi acionado por colegas da casa — o caso ainda não prosseguiu no colegiado. Ele também enfrenta outro pedido por ter agredido um assessor do deputado Márcio Pacheco (PP) neste ano.
Em agosto, Freitas teve as prerrogativas suspensas pela Alep pelo período de 30 dias, após decisão do Conselho de Ética, pela acusação de incitar e facilitar o acesso de manifestantes à Casa em junho de 2024, episódio que resultou em vandalismo no prédio público durante a votação do projeto de terceirização da gestão de colégios estaduais. A punição é prevista pelo novo código da Assembleia, mas a decisão da Alep foi suspensa por uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
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Novo vídeo mostra que briga começou momentos antes
O advogado Jeffrey Chiquni, que assumiu a defesa de Weslley de Souza Silva, divulgou nesta quinta-feira (20) um vídeo com imagens de câmeras de segurança que mostra o início do desentendimento entre o manobrista e o deputado Renato Freitas.
Pelas imagens, o petista caminhava acompanhado de uma mulher na calçada no momento em que um carro sai de ré de uma garagem — o veículo era conduzido pelo manobrista. Na sequência, Freitas atravessa a rua com a mulher no momento em que o carro acessa a via. Já do outro lado da rua, o deputado se vira para o carro e é possível ver que fala alguma coisa — o vídeo não tem áudio e, portanto, não é possível saber o que foi dito entre eles.
Depois disso, o manobrista estaciona o carro em outra garagem e logo após o deputado e o assessor dele atravessam a rua em direção a Weslley Silva, que deixara o veículo. Nesse momento há uma briga com socos e chutes.
Após a briga inicial, o manobrista vai em direção ao carro do petista, que deixa o local. Na sequência, sem imagens, Chiquini afirma que Silva tentou anotar a placa do carro em que o deputado estava e o seguiu até uma outra quadra. Nesse momento, Freitas teria descido do carro, onde foi registrada a briga no vídeo divulgado inicialmente.
Segundo Chiquini, o cliente exerceu a legítima defesa ao ser abordado pelo parlamentar petista. “O Renato Freitas está criando narrativas para se vitimizar, como sempre fez”, afirma o advogado. “[As imagens] provam que o Renato Freitas iniciou as agressões físicas, espancou aquele jovem que estava trabalhando”, defende Chiquini. O advogado afirmou que processará Freitas criminalmente por lesão corporal.
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Renato Freitas disse que foi chamado de “lixo”
Após a divulgação das novas imagens, o deputado estadual Renato Freitas convocou a imprensa e afirmou que foi chamado de “lixo” pelo manobrista e que esse foi o motivo para o início da briga. Segundo ele, foi o assessor dele que partiu inicialmente para cima de Silva.
Anteriormente, Freitas havia afirmado que o manobrista teria começado a briga por racismo às vésperas do Dia da Consciência Negra. “Desde o início, quando saiu do carro me chamando pra porrada ou mesmo quando me perseguiu em três, filmando, xingando, tentando me intimidar e me dando o primeiro soco, justamente quando eu desviei o olhar dele. Covarde. As imagens não mentem. Depois disso tive que entrar na dança, batendo e apanhando”, disse no dia seguinte ao episódio, antes das novas imagens mostrarem que houve agressões anteriormente.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/parana/deputado-pt-cinco-pedidos-cassacao-briga-na-rua/
