6 de novembro de 2024
Dirceu afirma que eleição nos EUA traz aviso para a
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O ex-deputado José Dirceu afirmou que a recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos representa um alerta para a esquerda e para o governo brasileiro. Ele destacou que, embora seja um erro comparar diretamente as realidades políticas dos dois países, há lições importantes para a esquerda no Brasil.

Dirceu destacou as diferenças entre Bolsonaro e Trump, assim como entre Lula e figuras como Joe Biden ou Kamala Harris. “Lula não Kamala e Bolsonaro não é Trump”, afirmou. Para ele, embora Trump tenha transformado o Partido Republicano em um partido “trumpista”, a direita brasileira é mais fragmentada, e Bolsonaro não possui controle absoluto sobre o campo conservador.

Ele alerta que essa fragmentação pode ser uma oportunidade para a esquerda, que precisa reavaliar seu discurso e atualizar sua estratégia. “A esquerda tem que encontrar um caminho para retomar território, voltar à juventude, trabalhar com as redes e atualizar a sua mensagem”, afirmou.

Dirceu também acredita que as eleições nos Estados Unidos demonstraram uma mudança de foco, onde fatores culturais e ideológicos têm superado questões econômicas nas disputas eleitorais. Ele observa que, apesar dos resultados econômicos positivos do governo Biden, o presidente americano não conseguiu uma alta aprovação nem garantir a continuidade de seu partido no poder. Segundo Dirceu, isso é uma lição importante: a esquerda precisa compreender as transformações culturais e ideológicas em curso para se manter relevante e reconquistar a confiança da população.

Ele afirma que parte disso é explicado pelo nível de organização da direita, que aumentou muito nos últimos anos. No Brasil, cresceram movimentos voltados às mulheres e aos jovens, além de cursos e fundações de pensamento conservador, diz. Já o campo progressista, porém, estagnou-se.

— Nós, na esquerda, não estamos conseguindo acompanhar essa mudança. Há uma luta aberta contra o pensamento social-democrata e socialista. Uma agenda também contra o papel do Estado, a solidariedade social e a ideia de tratar a economia como algo que tem que servir a todos. Vamos ter que correr atrás — afirma.

De acordo com Dirceu, a busca de caminhos para a retomada de espaço pelo campo progressista não pode descaracterizar a esquerda. O ex-ministro diz que é preciso cuidado quando se fala em fazer o dever de casa e buscar corte de gastos, já que não dá para “arrumar a casa, demitindo os trabalhadores, cortando comida, saúde e educação”.

— Esquerda tem que ser esquerda. Podemos criar uma frente ampla para eleger e depois aliar com centro-direita para governar, porque você não tem maioria. Mas nós somos esquerda – diz o petista, referindo-se à defesa feita por quadros do governo de que é necessária uma guinada ao centro mirando as eleições de 2026.

O ex-ministro aposta que a relação entre Brasil e Estados Unidos não será abalada com a eleição de Trump, a despeito da declarada predileção de Lula por Kamala Harris. Primeiro, porque os americanos nunca priorizam a América Latina. Além disso, ele nota que há interesse de ambos os lados em manter os interesses comerciais e os investimentos.

Com informações de O Globo.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/dirceu-afirma-que-eleicao-nos-eua-traz-aviso-para-a-esquerda-mas-lembra-que-lula-nao-e-kamala-e-bolsonaro-nao-e-trump/