A cúpula nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu intervir diretamente no processo eleitoral interno de Minas Gerais e assumiu o comando da votação para a presidência do diretório estadual. O despacho com a decisão foi assinado pelo presidente interino da legenda, senador Humberto Costa (PT-PE). A nova eleição foi marcada para o próximo domingo, dia 13, informa O Globo.
A decisão ocorre em meio a uma intensa disputa judicial envolvendo a deputada federal Dandara Tonantzin, cuja candidatura à presidência do diretório mineiro foi impugnada por inadimplência. A parlamentar alegou ter quitado sua dívida de campanha dentro do prazo, mas afirmou que o pagamento não foi compensado por falha bancária. A justificativa, no entanto, não foi aceita pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), que considerou que não houve comprovação da alegada falha da instituição financeira.
“A instituição financeira não admite qualquer erro, nem mesmo apresenta justificativa para o não pagamento”, afirmou o desembargador Roberval Casemiro Belinati em sua decisão, ao considerar que aceitar a candidatura de Dandara fora do prazo violaria o princípio da isonomia entre os concorrentes.
Humberto Costa: judicialização é inaceitável
A judicialização da disputa provocou forte reação na cúpula petista. Em entrevista, o presidente interino Humberto Costa classificou a ação como “inaceitável” e criticou duramente o recurso ao Judiciário para contestar decisões internas: “Esse processo de judicialização de decisões partidárias é, no meu ponto de vista, completamente inaceitável”.
Com a intervenção, o PT suspendeu o calendário eleitoral anterior e publicou um novo cronograma extraordinário, que concentra a condução da eleição na Executiva Nacional. Caberá ao diretório superior coordenar os prazos, receber os resultados das urnas municipais e julgar eventuais recursos. A votação, segundo nota oficial do partido, ocorrerá “em harmonia com as deliberações internas do partido” e em conformidade com a decisão do TJDFT.
A nova data limite para envio dos resultados à direção nacional é 14 de julho. Também foi determinada a proibição de alterações nos locais de votação já definidos.
O impasse mineiro reflete uma disputa interna entre duas alas do partido: de um lado, Dandara, aliada do deputado federal Reginaldo Lopes; do outro, a deputada estadual Leninha, que conta com o apoio da ministra da Igualdade Racial, Macaé Evaristo, e da tesoureira nacional Gleide Andrade.
Risco de nova ação judicial
Apesar da derrota no tribunal, aliados de Dandara tentam um último esforço para garantir sua participação por meio de um acordo político, cuja articulação estava prevista para a tarde desta terça-feira (9). Se a negociação fracassar, existe a possibilidade de uma nova investida judicial — cenário que pode levar a mais atrasos e incertezas na eleição do diretório estadual.
Enquanto isso, a definição da presidência nacional do PT já está consolidada: o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, foi eleito com 73% dos votos apurados, mesmo sem os votos do diretório mineiro — que representa aproximadamente 10% do colégio eleitoral da legenda. A vitória de Edinho reafirma sua força dentro da estrutura partidária, mesmo diante da crise regional em Minas Gerais.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/direcao-nacional-do-pt-intervem-e-assume-eleicao-do-diretorio-mineiro-apos-impasse-judicial/
