1 de agosto de 2025
Governo federal impõe sigilo de 15 anos a carta enviada
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva impôs sigilo de 15 anos a uma carta enviada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ao atual secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, nomeado pelo presidente Donald Trump. O conteúdo do documento permanecerá classificado até 25 de novembro de 2039, segndo informa a coluna de Paulo Cappelli no portal Metrópoles.

A informação consta de despacho enviado via telegrama diplomático pela Embaixada do Brasil em Washington. O Ministério das Relações Exteriores classificou o conteúdo como “secreto”, amparado pela Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011). Segundo a justificativa do Itamaraty, a divulgação poderia “prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do país, ou as que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais”.

Segundo fontes diplomáticas ouvidas pela reportagem, a carta de Mauro Vieira foi enviada em novembro de 2024, logo após a vitória eleitoral de Donald Trump, e marcou a primeira tentativa oficial do governo Lula de reabrir canais de diálogo com a nova administração republicana. No texto, Mauro Vieira felicita Marco Rubio por sua nomeação à frente do Departamento de Estado dos EUA e manifesta o interesse do Brasil em manter relações construtivas com Washington.

O gesto, no entanto, não foi correspondido. De acordo com interlocutores do Itamaraty, o governo Trump não respondeu ao telegrama diplomático. Mesmo diante do silêncio, Mauro Vieira manteve a agenda de aproximação e se reuniu com Rubio nesta quarta-feira (30), nos Estados Unidos, em meio ao agravamento da crise bilateral.

Tensão diplomática em alta após sanções dos EUA

A relação entre Brasil e Estados Unidos se deteriorou fortemente nas últimas semanas. O ponto de inflexão foi a adoção de um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, seguida da aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A sanção determina o congelamento de bens e impede o magistrado de realizar operações financeiras com empresas e cidadãos estadunidenses.

A decisão gerou reação imediata do governo brasileiro. Em nota oficial, o STF defendeu o ministro e declarou que “não se desviará do seu papel de cumprir a Constituição”. O presidente Lula também classificou a atitude dos EUA como uma “interferência inaceitável” nos assuntos internos do Brasil, acusando “políticos brasileiros” de colaborarem com o governo estadunidense em nome de interesses pessoais.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/documento-secreto-governo-federal-impoe-sigilo-de-15-anos-a-carta-enviada-pelo-itamaraty-aos-eua/