
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, em entrevista à colunista Bela Megale, do jornal O Globo, que está trabalhando diretamente dos Estados Unidos para pressionar o governo de lá a reagir à prisão domiciliar de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão, tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), motivou uma série de declarações do parlamentar, que diz só retornar ao Brasil caso Moraes seja afastado da Corte.
Atualmente nos EUA, Eduardo declarou que não pretende renunciar ao mandato e que continuará exercendo a função parlamentar mesmo a distância. Ele revelou ainda que pretende enviar um ofício ao presidente da Câmara, Hugo Motta, alegando que está impedido de voltar ao país por ser alvo de perseguição.
“Se eu retornar, sei que vou ser preso. Primeiramente, tenho que tirar o Alexandre de Moraes dessa equação, anular ele, isolá-lo. […] Ou saio vitorioso e volto a ter uma atividade política no Brasil, ou vou viver aqui décadas em exílio. É o que eu estou assumindo, estou aceitando esse risco, porque eu acho que vale a pena.”
Atuação nos bastidores e apoio a sanções
Eduardo Bolsonaro admitiu trabalhar nos EUA pela ampliação das sanções ao Brasil após a decretação da prisão de seu pai. Ele disse que mantém autoridades estadunidenses informadas sobre o caso e elogiou a postura do presidente Donald Trump, que associou o tarifaço imposto ao Brasil a uma “perseguição” a Jair Bolsonaro.
“Trabalho sim, neste sentido. Estou levando a prisão ao conhecimento das autoridades americanas e a gente espera que haja uma reação. […] Dou graças a Deus que ele (Trump) voltou suas atenções para o Brasil. Acho que tem valido a pena.”
Sobre os impactos econômicos negativos provocados pelas tarifas de Trump, Eduardo minimizou o prejuízo e afirmou que se trata de um “sacrifício necessário”. “As pessoas entendem que há um sacrifício a ser feito e que o pior mal é essa ditadura de toga comandada pelo ministro Alexandre de Moraes.”
Mandato, recursos e interlocução com americanos
O deputado disse que não depende exclusivamente de seu salário como parlamentar e que, mesmo sem receber vencimentos desde março, consegue se manter nos EUA. Ele confirmou ter recebido R$ 2 milhões do pai, Jair Bolsonaro, em transferência bancária.
“Ele fez uma transferência para mim de R$ 2 milhões e isso não é crime nenhum. […] Falar que isso é um financiamento de uma atividade ilícita? Qual atividade ilícita? Se eu estou fazendo alguma coisa errada aqui é com o respaldo das autoridades americanas.”
Eduardo também disse estar frequentemente na Casa Branca, embora evite citar nomes de seus interlocutores para “protegê-los”. Revelou contatos com parlamentares como María Elvira Salazar, Richard McCormick e Chris Smith, além de encontros e participações com Steve Bannon, ex-estrategista de Trump.
Presidência em 2026 e críticas à direita brasileira
Questionado sobre as eleições de 2026, o deputado não descartou a possibilidade de disputar a Presidência da República, caso receba o aval do pai. “Se, nesse cenário, Jair Bolsonaro quiser me apoiar, eu sairia candidato a presidente da República.”
Eduardo ainda comentou suas divergências com nomes da direita brasileira. Sobre o governador Tarcísio de Freitas, foi direto: “O Tarcísio ainda acredita numa estratégia de diálogo […]. Eu não acredito, porque foi infrutífero no passado.” Já sobre o deputado Nikolas Ferreira, disse ter tido uma conversa intermediada por Paulo Figueiredo e que prefere não comentar mais o assunto.
Críticas ao STF e defesa da anistia
Para Eduardo, a solução para a atual crise institucional passa por uma “anistia ampla, geral e irrestrita” aos envolvidos nos atos golpistas. Ele insiste em afirmar que o foco não é destruir o STF, mas retirar Moraes da Corte. “Eu não quero queimar a floresta inteira. […] Dá para garantir uma normalidade mínima apenas tirando Moraes do tribunal.”
Sobre as pesquisas que indicam rejeição popular à ideia de anistia, o deputado foi categórico: “Não confio em nada do Datafolha. […] Se eu estivesse tão impopular assim, minhas redes não estariam crescendo tanto.”
Em busca de respaldo institucional
Eduardo acredita que, se o Congresso votar um projeto de anistia, ele será aprovado com folga. “Mais de 300 deputados federais já colocaram sua assinatura em apoio ao requerimento de urgência do projeto de lei.” Segundo ele, a aprovação abriria espaço para reverter o tarifaço americano e restabelecer o diálogo com o STF.
Para o deputado, a situação atual é insustentável sem mudanças profundas. “Ou tenho 100% de vitória, ou 100% de derrota”, concluiu.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/eduardo-bolsonaro-admite-que-articula-sancoes-contra-o-brasil-e-diz-que-so-deixa-os-eua-se-moraes-sair-do-stf/