20 de setembro de 2024
Compartilhe:

Faltando um mês para o primeiro turno, a mais recente pesquisa Datafolha sobre intenções de voto para a Prefeitura de São Paulo revelou que 38% dos eleitores paulistanos, ao serem questionados de forma espontânea, ainda não sabem em quem votar nas eleições de 2024. Essas eleições são consideradas as mais disputadas dos últimos 28 anos na capital paulista.

Embora esse número de indecisos, divulgado na última quinta-feira, tenha diminuído em comparação à pesquisa anterior, que registrava 48%, o pesquisador Frederico Batista Pereira, do Departamento de Ciência Política da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, ressalta que essa porcentagem indica a possibilidade de reviravoltas no cenário eleitoral. Segundo ele, os eleitores indecisos devem ser o principal foco das campanhas nos próximos dias, já que podem influenciar significativamente o resultado final.

“Quando as pesquisas espontânea e estimulada se distanciam, a espontânea nos dá um alerta sobre o que estamos observando na estimulada”, afirma Batista Pereira. Ele destaca que essa diferença revela, em geral, que muitos eleitores respondem à pesquisa estimulada quando são incentivados pelos entrevistadores a escolher uma opção, mas podem mudar de opinião até o dia da eleição.

O valor de 38% de indecisos na pesquisa espontânea, bem como a diferença entre esse resultado e o da pesquisa induzida, não é exatamente uma surpresa. Batista Pereira esclarece que esse comportamento dos eleitores é comum e tende a diminuir à medida que a eleição se torna mais presente no cotidiano das pessoas. Em eleições mais polarizadas ou de grande repercussão, como a disputa entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, as taxas de indecisão costumam ser menores.

Mas no caso de São Paulo, onde há um empate triplo na pesquisa estimulada de intenção de voto, o cientista político ressalta que o desempenho entre os eleitores indecisos provavelmente será o fator decisivo para determinar o candidato vitorioso.

Ao analisar o resultado da pesquisa Datafolha do dia 5 de agosto, Batista Pereira destaca os desafios para os três primeiros colocados para consolidar sua liderança nas intenções de votos.

Em relação ao deputado Guilherme Boulos (PSol), que teve 23% das intenções de votos na pesquisa induzida, Batista Pereira menciona que, apesar do apoio de Lula, o deputado tem dificuldade de capturar os votos que o próprio petista teve na capital no segundo turno das eleições presidenciais. Em 2022, o atual presidente teve 53,54% dos votos dos paulistanos no segundo turno contra Bolsonaro.

“Isso significa que tem voto aí do Lula espalhado por todas essas candidaturas, provavelmente da Tabata, do Datena, inclusive do prefeito Nunes e do Marçal também. Há sinais de que o Marçal é bem votado em setores em que o Lula venceu, o que nos diz que esse alinhamento com a eleição presidencial ainda não aconteceu”, afirma o cientista político.

Para Batista Pereira, o influencer Pablo Marçal (PRTB), que apareceu com 22% das intenções de votos, enfrenta uma estagnação: “Inicialmente, quando o Pablo Marçal começou a subir, imaginamos que ele fosse tomar [a frente] das pesquisas. Mas nas últimas duas semanas ele parou de subir, o que significa que tem uma resistência, uma divisão dentro do bolsonarismo e dentro do eleitorado”.

A divisão se dá principalmente em razão do eleitor que está em dúvida entre Marçal e o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que recebeu 22% das intenções de votos. Batista Pereira explica que os dois candidatos dividem o eleitorado de Jair Bolsonaro e que uma eventual disputa no segundo turno entre os dois depende, necessariamente, que eles consigam conquistar os eleitores de Lula.

Com informações do Metrópoles.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/eleitores-indecisos-em-sao-paulo-ultrapassam-um-terco-e-devem-decidir-rumos-da-eleicao-municipal/