16 de março de 2025
Em ato para defender a própria impunidade, Bolsonaro diz que
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e apoiadores realizam ato na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, neste domingo (16/3). O evento acontece durante esta manhã e a tarde, em meio à expectativa da análise da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o chamado “Núcleo 1”, grupo que inclui o próprio Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado.

Em sua fala, Bolsonaro disse que não tem obsessão pelo poder, mas, sim, amor pelo Brasil. Ele também ressaltou que não vai sair do Brasil. Ele criticou o governo Lula, o ministro Alexandre de Moraes, e contestou pontos da denúncia feita pela PGR. Ele também pediu anistia pelos envolvido no 8 de Janeiro.

A manifestação reforça o movimento pró-anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Com a condenação de mais 63 pessoas na última semana pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o número de sentenciados já chega a 480.

O ex-presidente chegou no ponto onde o trio está parado, em Copacabana, pouco depois das 10h. Ele está acompanhado de vários políticos.

Fala de Bolsonaro

Bolsonaro usou a palavra por volta das 11h40. Ele falou durante cerca de 40 minutos. Visivelmente emocionado, ele disse que falaria sobre a vida das pessoas que ali estão. E citou o caso dos presos pelos atos do 8 de janeiro. Destacando a defesa das mulheres, ele citou, nominalmente, várias mulheres que encontram-se recolhidas no sistema prisional.

O ex-presidente também chama a atenção para o que chamou de perseguição. “Eu jamais podia imaginar que teríamos refugiados brasileiros mundo afora, até poucos anos a gente não sonhava em passar por uma situação como essa”.

O político parou a fala por um momento para pedir atendimento médico para uma pessoa do público que passou mal. A temperatura no Rio de Janeiro na manhã de domingo está por volta dos 30ºC. Como a umidade também está alta, a sensação térmica é muito alta.

Bolsonaro falou sobre a denúncia contra ele, criticou Alexandre de Moraes, dizendo que os inquéritos são secretos, e atacou o governo Lula.

Também voltou a citar momentos da campanha de 2022, justificando que sofreu perseguição por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O político do PL disse entender que as pessoas envolvidas no 8 de Janeiro foram atraídas para uma armadilha.

Também destacou que várias “narrativas” contra ele foram sendo desconstruídas ao longo do tempo. Citou, por exemplo, o caso das joias sauditas e da falsificação de comprovante de vacina contra Covid-19. “Sobrou só a fumaça do golpe”, disse.

Bolsonaro também negou que tenha a intenção de deixar o Brasil.

Ressaltou, ainda, que eleições sem a presença dele, em 2026, são negar a democracia no país.

Trio

Bolsonaro e aliados, como governadores, deputados e senadores, estão em um trio elétrico. Entre os chefes de Executivos presentes estão Cláudio Castro (PL-RJ), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Jorginho Melo (PL-SC) e Mauro Mendes (União-MT), além do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Também estão no local os senadores Flávio Bolsonaro (RJ), Magno Malta (ES), Portinho (RJ), Rogério Marinho (RN), Izalci Lucas (DF), Wilder Morais (GO), Wellington Fagundes (MT) e Cleitinho (MG).

Também acompanham o evento deputados federais bolsonaristas como Nikolas Ferreira, Altineu, Sóstenes, Zucco, Helio Negão, Rodrigo Valadares, Jordy, Rodolfo Nogueira, Evair de Melo, João Roma, André Fernandes, Pazuello, Mário Frias, Felipe Barros, Ramagem e Osmar Terra, entre outros. Também está presente o vereador Carlos Bolsonaro (RJ), além de prefeitos, deputados estaduais e vereadores de vários locais.

Ainda se fazem presentes figuras de outras áreas, como o pastor Silas Malafaia, um dos principais apoiadores de Bolsonaro no meio evangélico.

As falas, antes de Bolsonaro, exaltaram a figura do ex-presidente, pediram sua volta e justamente clamaram por anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023.

Já usaram o microfone diante do público, figuras como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o deputado federal Sóstenes Cavalcante, o deputado federal Nikolas Ferreira, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o pastor Silas Malafaia.

Anistia

O PL da Anistia conta com apoio de parlamentares alinhados ao ex-presidente, que tentam avançar com a proposta na Câmara dos Deputados. No entanto, conforme revelou o portal Metrópoles, na coluna Igor Gadelha, a iniciativa enfrenta resistência de nomes influentes, como o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que busca evitar atritos com o STF. Apesar das dificuldades, a defesa da anistia deve ganhar destaque no ato deste domingo.

Outro tema que deve ser abordado pelos manifestantes e pelo próprio Bolsonaro é a atuação do STF, especialmente do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe. O desgaste entre o ex-presidente e o magistrado não é novidade, principalmente quando Bolsonaro acusou o ministro de agir fora da lei após o indiciamento da Polícia Federal (PF), em novembro do ano passado.

Além das pautas nacionais, a manifestação busca chamar a atenção de autoridades estrangeiras, especialmente dos Estados Unidos. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que mantém proximidade com o presidente Donald Trump, tem sido criticado por partidos de esquerda, que o acusam de agir contra a soberania nacional ao tentar influenciar autoridades americanas contra o STF e o governo brasileiro. O filho “03” nega a acusação.

Denúncia contra Bolsonaro

O julgamento que decidirá o rumo da denúncia contra Bolsonaro e outros cinco investigados do “Núcleo 1” será realizado em três sessões: duas marcadas para o dia 25 de março, às 9h30 e 14h, e uma sessão extraordinária 26 de março, às 9h30.

A denúncia da PGR será analisada pela 1ª Turma do STF, composta pelos ministros Cristiano Zanin (presidente), Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia. Além de Bolsonaro, são alvos da acusação Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira, Augusto Heleno e Braga Netto.

A análise não determinará se os envolvidos são culpados ou inocentes, mas apenas se a denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, será aceita. Caso seja, os investigados passarão à condição de réus e responderão criminalmente ao processo.

A expectativa é que a denúncia seja aceita pelos ministros da 1ª Turma.

Com informações do Metrópoles.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/em-copacabana-bolsonaro-diz-que-esta-sendo-perseguido-e-pede-anistia-pelo-8-1/