O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou nesta quarta-feira (3), durante um discurso em Roma, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), “ao que tudo indica”, deu aval ao plano de assassinato de autoridades denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República). A fala ocorreu no segundo dia do julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado conduzido pela Primeira Turma do Supremo.
Gilmar participava de um evento sobre Justiça e democracia no Brasil e na Itália. Em sua fala, ele destacou os ataques de Bolsonaro e de seus apoiadores ao STF e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ressaltando a atuação do Judiciário para conter ofensivas golpistas.
“Punhal Verde e Amarelo” previa prisão e morte de autoridades
Segundo a PGR, o plano — batizado de Punhal Verde e Amarelo — foi elaborado pelo general da reserva Mário Fernandes, ex-secretário da Presidência. A denúncia assinada pelo procurador-geral Paulo Gonet aponta que Bolsonaro teria dado aval à proposta durante uma reunião no Palácio da Alvorada, em dezembro.
A Polícia Federal, no entanto, havia indicado apenas que Bolsonaro tinha conhecimento da trama, sem afirmar que ele autorizou o plano. A PGR foi além, responsabilizando diretamente o ex-presidente.
Defesa de Bolsonaro nega envolvimento e fala em “acusação sem provas”
A defesa do ex-presidente rejeitou a acusação, alegando ausência de provas que vinculem Bolsonaro ao plano de assassinato. O advogado Celso Vilardi criticou a denúncia e afirmou que nem os delatores confirmaram a participação do ex-presidente.
“Não há uma única prova que vincule o presidente ao Punhal Verde e Amarelo, à Operação Luneta ou aos atos de 8 de Janeiro. Nem o delator, que mentiu contra o presidente, chegou a dizer que ele participou de qualquer um desses episódios”, declarou Vilardi.
Gilmar pede punição exemplar e união contra inimigos da democracia
Durante o discurso, Gilmar Mendes defendeu a responsabilização dos envolvidos como medida essencial para preservar o Estado democrático de Direito. “Esta poderia ter sido a história da ruína da democracia brasileira. Mas, graças à atuação firme das nossas instituições, em especial do Poder Judiciário, ela resistiu e está de pé, mais viva e forte do que nunca”, disse o ministro.
O decano do STF também propôs que Brasil e Itália unam esforços contra redes internacionais que, segundo ele, atuam para “implodir os alicerces do sistema mundial e das ordens constitucionais internas”.
Críticas aos EUA e defesa de Alexandre de Moraes
Gilmar ainda criticou “agressões inconcebíveis” por parte dos Estados Unidos, referindo-se às tarifas impostas ao Brasil e às sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes. Ele elogiou Moraes, afirmando que o magistrado tem demonstrado “coragem à frente do processo” e merece “respeito e apoio”.
“O Supremo não se submeterá a ameaças. Está preparado para enfrentar, com altivez e resiliência, qualquer ataque à sua independência, venha de onde vier”, concluiu.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/em-discurso-na-italia-gilmar-mendes-acusa-bolsonaro-de-avalizar-plano-de-assassinato-na-trama-golpista/
