24 de junho de 2025
Em meio a conflito no Oriente Médio e pressão dos
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O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, afirmou que o Brasil não pretende se alinhar a nenhum dos lados na atual escalada militar entre Israel e Irã. Em entrevista à coluna de Paulo Cappelli, no portal Metrópoles, Amorim declarou que o país “está do lado da paz”, em resposta a declarações recentes de uma servidora do Departamento de Estado dos EUA, que instou países da América Latina e do Caribe a se posicionarem no conflito.

— O Brasil não tem lado. O Brasil está do lado da paz — disse Amorim, reiterando a postura tradicional da diplomacia brasileira de buscar soluções diplomáticas e evitar envolvimento direto em disputas armadas entre nações.

A declaração da diplomata estadunidense foi feita em uma coletiva virtual às vésperas da 55ª Assembleia-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), marcada para esta terça-feira (24), em meio à intensificação dos ataques de Israel contra alvos iranianos, supostamente ligados ao programa nuclear do país persa. Segundo a porta-voz, “cada país tem que tomar uma decisão”, sugerindo que os membros da OEA escolham um lado no embate.

A posição dos Estados Unidos vem acompanhada de um esforço diplomático mais amplo para que países do continente condenem publicamente o Irã, classificado por Washington como “patrocinador estatal do terrorismo”.

Apesar de a crise no Haiti ser o tema oficial da cúpula da OEA, espera-se que a guerra no Oriente Médio esteja presente nas manifestações diplomáticas ao longo do encontro. A expectativa é que os debates reflitam o atual dilema enfrentado por diversas nações latino-americanas, tradicionalmente defensoras de soluções multilaterais e do princípio de não intervenção.

Na noite de segunda-feira (23), o presidente dos EUA Donald Trump anunciou um cessar-fogo entre Israel e Irã, encerrando o conflito que ele classificou como “a guerra dos 12 dias”. Ainda não está claro se o anúncio representa um acordo formal entre as partes ou uma suspensão unilateral das hostilidades. O governo brasileiro não se pronunciou oficialmente sobre o cessar-fogo até a publicação desta reportagem.

A resposta de Amorim reforça a linha adotada pela diplomacia brasileira sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, marcada por esforços de mediação e distanciamento de alianças militares rígidas. O país tem buscado, nos fóruns internacionais, reiterar seu compromisso com o multilateralismo, a solução pacífica de controvérsias e a defesa do direito internacional.

A postura brasileira também se alinha a outras declarações recentes do governo, que defende a necessidade de reformas nos organismos multilaterais, especialmente no Conselho de Segurança da ONU, para que países do Sul Global tenham mais peso em decisões sobre segurança e conflitos armados.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/em-meio-a-conflito-no-oriente-medio-e-pressao-dos-eua-celso-amorim-diz-que-brasil-esta-do-lado-da-paz/