
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu nesta terça-feira (26) todos os ministros da Esplanada para a segunda reunião ministerial do ano. No encontro, Lula e alguns ministros apareceram usando bonés com a mensagem: “o Brasil é dos brasileiros”, e resgataram a “guerra dos bonés” que agitou a política no início do ano legislativo (entenda mais abaixo). Na reunião desta terça, Lula elevou o tom contra o clã Bolsonaro e pediu que cada integrante do governo assuma publicamente a defesa da soberania brasileira diante das sanções dos Estados Unidos.
— Não conheço na história deste país algum momento em que um traidor da pátria teve a desfaçatez de mudar para um país que ele está adotando como pátria, e tentando insuflar o ódio de alguns governantes americanos contra o povo brasileiro. É importante que cada ministro nas falas que fizerem daqui para frente façam questão de retratar a soberania deste país. Se a gente gostasse de imperador, não tinha acabado com o império — afirmou Lula.
A fala foi direcionada às ações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. O presidente classificou o lobby do parlamentar em defesa de sanções contra o Brasil como uma das maiores deslealdades da história nacional. — O que está acontecendo hoje no Brasil com a família do ex-presidente e com o comportamento do filho dele nos EUA é uma das maiores traições à pátria — disse Lula.
O presidente também determinou foco na agenda legislativa até dezembro. Entre as prioridades estão a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a PEC da Segurança e o envio de propostas para regulamentar as big techs no país. A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, deverá articular com o Congresso os próximos passos da pauta econômica e social.
Durante a reunião, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, deve apresentar o novo slogan que substituirá o “União e Reconstrução”, adotado desde o início da atual gestão. A ideia é reforçar o alinhamento da comunicação entre ministérios, reduzir riscos de crises de imagem e ampliar o impacto positivo das ações do governo.
Relembre a “guerra dos bonés”
No início do ano legislativo, o Congresso Nacional foi palco de um inusitado confronto simbólico que rapidamente ganhou o apelido de “guerra dos bonés”. O movimento ganhou força a partir de janeiro, quando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apareceu em público com um boné vermelho estampado com a frase “Make America Great Again”, slogan consagrado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O gesto foi amplamente interpretado como um aceno ao conservadorismo e uma sinalização da proximidade entre o bolsonarismo e a agenda trumpista.
A cena começou com ministros licenciados e parlamentares aliados de Luiz Inácio Lula da Silva exibindo bonés azuis estampados com a frase “O Brasil é dos brasileiros”. A iniciativa, atribuída ao ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, tinha como objetivo reafirmar a soberania nacional diante de críticas externas e da pressão de opositores.
O gesto foi reforçado pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que usou o acessório e destacou: “Tem gente que usa outros bonés, a gente usa boné do Brasil”. Ele completou: “Orgulho do Brasil. Aqui é o Brasil dos brasileiros. Soberania brasileira”.
A reação da oposição veio rapidamente. Deputados do PL responderam com ironia e crítica, adotando bonés verde e amarelo com a inscrição “Comida barata novamente. Bolsonaro 2026” — uma provocação direta que resgatava o debate sobre o aumento dos preços de alimentos. O líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante, resumiu a estratégia: “Cada ideia dele vamos copiar e fazer melhor”.
A disputa simbólica não ficou restrita ao Parlamento. O próprio presidente Lula aderiu à movimentação e publicou um vídeo em que aparece usando o boné azul com a frase “O Brasil é dos brasileiros”. O gesto consolidou o acessório como uma marca visual de seu governo e ampliou o impacto da ação política.
Nos corredores do Congresso, a disputa lembrou imediatamente a estratégia de Donald Trump nas eleições norte-americanas. Assim como o ex-presidente dos Estados Unidos, que popularizou o boné vermelho com o slogan “Make America Great Again”, os grupos políticos brasileiros usaram o acessório como símbolo de identidade e mobilização.
A iniciativa, porém, não passou incólume às críticas. Especialistas e movimentos sociais levantaram questionamentos sobre o teor nacionalista da frase “O Brasil é dos brasileiros”, que, segundo eles, pode carregar interpretações excludentes e reforçar discursos de cunho xenofóbico.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/em-reuniao-lula-e-ministros-usam-bone-pro-soberania-em-resposta-a-trump-se-a-gente-gostasse-de-imperador-nao-tinha-acabado-com-o-imperio/