14 de março de 2025
Em sua 4ª viagem aos EUA só neste ano, Eduardo
Compartilhe:

Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde 27 de fevereiro. Ou seja, o deputado viajou antes do Carnaval. Esta é a quarta visita do parlamentar ao país somente neste ano. Também é a mais longa: já dura 15 dias.

Retorno do deputado aos EUA levou apenas 48 horas. Na viagem anterior, ele voltou no Brasil na segunda-feira dia 24 de fevereiro. Eduardo passou 48 horas no país e, em seguida, pegou um avião de volta aos EUA. O nível de atenção dedicado a assuntos estrangeiros se reflete nas redes sociais do parlamentar.

Levantamento do portal UOL no perfil de Eduardo no Instagram aponta que o principal assunto dele é os Estados Unidos. Neste ano, foram mais postagens envolvendo o país governado por Donald Trump do que publicações sobre temas do Brasil e outras nações — ele também costuma opinar a respeito de Israel e Venezuela. Ao todo, foram:

  • 78 posts tratando dos Estados Unidos;
  • 51 posts sobre o Brasil e outros países.

Trump é outro indicador de que seu foco está nos Estados Unidos. Neste ano, a foto do presidente estadunidense aparece 23 vezes no Instagram de Eduardo. Já a imagem de Lula está em 12 publicações.

Em suas redes, o parlamentar justifica tanto tempo nos Estados Unidos como um esforço político. Ele alega que viaja para denunciar o que classifica como ditadura no Brasil. “Vocês tão vendo que a minha atividade no exterior é basicamente denunciar os fatos que acontecem no Brasil”, postou numa mensagem. O deputado ainda sugere uma suposta perseguição a políticos conservadores.

Eduardo é chamado de “embaixador da direita” por alguns colegas de Congresso. Ele faz a articulação com políticos de extrema direita de outros países e tem se dedicado a combinar estratégias sobre como exercer pressão sobre o governo brasileiro e o STF (Supremo Tribunal Federal).

O deputado diz acreditar na devolução dos direitos políticos de Jair Bolsonaro (PL). Com isso, o ex-presidente poderia tentar disputar as eleições para voltar ao Planalto no ano que vem. A pressão do governo Trump é considerada fundamental para atingir este objetivo.

Ausência gera queixas

Deputados do PL, partido de Eduardo e Jair Bolsonaro, dizem não acreditar que o ex-presidente poderá se candidatar. Para eles, uma eventual pressão dos Estados Unidos sobre a Justiça brasileira não surtirá efeito. Mas o ex-presidente continuar proibido de se candidatar é visto como problema de médio prazo e menos urgente.

O que incomoda a parlamentares do PL é o partido estar numa disputa ferrenha para presidir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. O cargo deve ser ocupado por Eduardo e servirá para ele fazer ainda mais viagens a outros países, principalmente para os Estados Unidos.

A indicação dele exigirá que muitos parlamentares do PL tenham interesses preteridos. Eles deixarão de presidir comissões e de assumir relatorias de projetos para que o desejo de Eduardo seja atendido. A reclamação destes colegas de bancada é que, ainda assim, o principal beneficiado deste esforço não aparece no Congresso há duas semanas.

As críticas ocorrem na surdina. Nenhum parlamentar de direita revela o nome ao criticar um integrante da família Bolsonaro. Os caciques do PL defendem publicamente o deputado.

Líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) declarou que a missão de Eduardo é das mais difíceis. Ele acrescenta que fazer articulação internacional exige aprender línguas, estudar e sobra menos tempo para estar no Congresso. “Eu acho que o Eduardo cumpre o papel dele.”

O irmão do deputado, Flávio Bolsonaro afirma que as reclamações são consequência de inveja. O senador disse que um trabalho muito sério é desenvolvido por Eduardo e traz benefícios à direita brasileira.

A manifestação do próximo domingo é exemplo do alinhamento da cúpula do PL com o “embaixador da direita”. Os bolsonaristas convocaram ato para o Rio de Janeiro e haverá discursos contra a apreensão do passaporte de Eduardo, medida solicitada à Justiça por petistas.

A atuação de Eduardo nos EUA

O deputado também se defende desta possibilidade, que levaria ao impedimento de viajar. Nesta quarta-feira, ele provocou a Procuradoria-Geral da República sobre o risco de ter seu passaporte apreendido. “Será que estão esperando eu voltar ao Brasil para, covardemente, apreenderem meu passaporte?”.

Há três dias, ele indicou nas redes sociais que estaria em um evento em Oklahoma organizado pela extrema direita estadunidense. Eduardo também escreveu que estaria “trabalhando na Quarta-Feira de Cinzas”. Naquele mesmo dia, o deputado foi recebido pelo senador republicano Shane David Jett.

Há seis dias, esteve com o governador de Okhaloma, Kevin Stitt. Nas suas postagens, o parlamentar brasileiro sugere caminhos pelos quais o governo Trump poderia “ajudar o Brasil”. O deputado ainda divulga manifestações “contra a censura” que vão ser organizadas nos EUA e alterna entre postagens em português e em inglês.

A primeira viagem de Eduardo Bolsonaro para os EUA em 2025 ocorreu na posse de Trump, em 20 de janeiro. A aposta do bolsonarismo é que a vitória do republicano represente uma esperança para o ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2026.

Eduardo Bolsonaro voltou semanas depois para Washington. O objetivo dele era convencer as autoridades estadunidenses a agirem contra o STF e contra decisões adotadas no Brasil que prejudicam empresas dos EUA.

O deputado também fez lobby contra Alexandre de Moraes. No dia 26 de fevereiro, um comitê da Câmara de Deputados nos EUA aprovou um projeto de lei que, se chancelado pelo Congresso, poderia colocar penas sobre o ministro do STF por suposta violação da liberdade de expressão.

A decisão de apresentá-la e encaminhá-la para o plenário da Câmara ocorreu depois de um intensa pressão de Eduardo. Ele estava acompanhando de Paulo Figueiredo, neto do ex-ditador brasileiro João Figueiredo (1979-1985) e que foi investigado pela Polícia Federal por envolvimento na tentativa de golpe de Estado no Brasil.

Há uma semana, o PT reagiu. O partido entrou com um requerimento no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados denunciando Eduardo por quebra de decoro parlamentar por conspirar contra o governo e o Judiciário brasileiro junto a parlamentares dos Estados Unidos.

No requerimento, o PT pede que “sejam adotadas todas as providências legais e regimentais pertinentes à relevância do caso”. Segundo a representação, o deputado teve “o objetivo de articular com deputados republicanos a propositura de um projeto de lei para impedir o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes de entrar naquele país”.

O texto justifica ainda que Eduardo Bolsonaro esteve com o embaixador estadunidense Michael Kozak. Trata-se de uma alta autoridade do Escritório de Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, de onde partiu uma nota divulgada também na semana passada contra o governo brasileiro por suposta censura.

Viagem paga com recursos pessoais

Defensores de Eduardo ressaltam que ele não usa dinheiro da Câmara para ir aos Estados Unidos. Aliados dizem que o deputado está bancando os custos com recursos próprios. De fato, no site da Câmara não constam gastos com as quatro viagens.

Não há emissão de passagens, aluguel de carros ou hospedagem. Mas um deputado tem até 90 dias para pedir ressarcimento de despesas. Ainda há tempo para pedidos de reembolso serem lançados. O site da Câmara também aponta que Eduardo não viajou nenhuma vez em missão oficial.

Com informações do UOL.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/em-sua-4a-viagem-aos-eua-so-neste-ano-eduardo-bolsonaro-abandona-a-camara-e-esta-ha-15-dias-no-pais-de-trump/