
Apontado pela Polícia Federal (PF) como responsável por uma transferência de R$ 700 mil para o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), o empresário Mario Pimenta de Oliveira Filho acumulava dívidas trabalhistas em períodos próximos à movimentação financeira. A operação foi registrada entre 1º de setembro de 2023 e 22 de agosto de 2024, segundo relatório de inquérito revelado na quinta-feira (21).
O documento da PF informa que o valor foi enviado “em operação única” a uma conta de Carlos no Banco do Brasil. Não há detalhes sobre a origem do dinheiro nem sobre a relação entre o parlamentar e o empresário.
Oficinas fechadas e dívidas na Justiça do Trabalho
Pimenta era proprietário de duas oficinas mecânicas na rua Gonzaga Bastos, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio. De acordo com registros da Receita Federal, a Big Box Veículos LTDA está fechada desde março de 2024, enquanto a Oficina de Freios Esquina da Vila Ltda não funciona desde, pelo menos, maio de 2025.
Nos últimos anos, ex-funcionários moveram ações trabalhistas contra o empresário no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1). Entre julho de 2024 e fevereiro de 2025, três processos foram encerrados, cobrando ao todo R$ 25 mil em verbas como férias, 13º, aviso prévio e depósitos de FGTS.
Acordos próximos ao período da transferência
Um dos casos mais emblemáticos envolveu um débito de R$ 14 mil. O trabalhador, mecânico da Big Box, afirmou ter recebido parte dos salários em dinheiro e alegou pendências de férias, 13º e rescisão. Pimenta tentou reduzir a dívida para R$ 5 mil, mas, em audiência realizada em 22 de julho de 2024, fechou acordo por R$ 10 mil, pagos em cinco parcelas. A data coincide com o período em que a transferência para Carlos Bolsonaro foi registrada.
Em outros processos, o empresário se comprometeu a pagar R$ 10 mil a um trabalhador em março de 2025 e R$ 5,4 mil a outro em fevereiro do mesmo ano, ambos por dívidas ligadas a FGTS e férias. Segundo informações do TRT-1, os valores foram quitados entre janeiro e junho de 2025.
Movimentações financeiras sob investigação
O caso ocorre em meio a um rastreamento de movimentações financeiras da família Bolsonaro. Relatório da PF, baseado em informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), aponta que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) recebeu cerca de R$ 4,1 milhões entre setembro de 2023 e junho de 2025. Já Carlos Bolsonaro movimentou R$ 4,8 milhões em um ano.
O Coaf classificou as transações como “suspeitas de configurarem indícios de lavagem de dinheiro e outros ilícitos penais” e repassou as informações à PF, que apura a origem e o destino dos recursos.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/empresario-que-transferiu-r-700-mil-a-carlos-bolsonaro-responde-a-processos-trabalhistas-no-rio/