Os cinco anos de implantação do Plano Integrado de Saúde nas Favelas foram celebrados, nesta terça-feira (29), na Assembleia Legislativa do Rio. O programa, criado durante a pandemia de Covid-19 por meio de uma parceria entre o Parlamento fluminense e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi responsável por ampliar o acesso à saúde integral em territórios de alta vulnerabilidade.
O evento contou com a presença de lideranças comunitárias, pesquisadores, parlamentares e da ex-ministra da Saúde Nísia Trindade, que foi homenageada por sua contribuição histórica ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Com aporte de R$ 20 milhões oriundos da Alerj, o plano alcançou 33 municípios e impactou cerca de 650 mil pessoas desde sua criação. As ações envolveram desde a distribuição de alimentos até a implantação de serviços de atendimento psicológico, formação de jovens comunicadores e instalação de cozinhas comunitárias.
Reconhecimento a Nísia Trindade
Ex-presidente da Fiocruz e ex-ministra da Saúde Nísia Trindade destacou, durante sua participação, a importância da comunicação e da mobilização social para a construção de políticas públicas efetivas. “Nós só vamos avançar com uma participação social estruturada a partir do diálogo e de debates, e um dos elementos centrais desse plano teve como base a comunicação”, afirmou.
A homenagem a Nísia ressaltou seu papel decisivo durante a pandemia e o legado deixado por sua gestão na Fiocruz. Segundo os organizadores, a ex-ministra foi fundamental para estabelecer pontes entre o Estado, a ciência e as comunidades, fortalecendo a atuação do SUS nos territórios populares.
Resultados concretos
O coordenador executivo do plano, Richarlls Martins, lembrou que a iniciativa foi a primeira no país a contar com uma doação institucional direta da Alerj para um órgão público como a Fiocruz. “A partir desse recurso, pudemos implementar esse plano que atendeu milhares de pessoas”, afirmou.
Os números apresentados durante o evento reforçam a capilaridade e o impacto do projeto: 146 ações implementadas em 175 favelas, com repasses que variaram de R$ 50 mil a R$ 500 mil por iniciativa. Mais de 500 toneladas de alimentos foram distribuídas a famílias em situação de insegurança alimentar. De acordo com a Fiocruz, essa é a maior ação já registrada no país voltada exclusivamente para a saúde nas favelas.
Participação popular e institucional
Presente à cerimônia, a deputada Renata Souza (Psol), autora de um dos projetos de lei que viabilizou o financiamento, ressaltou o papel central das comunidades na formulação de políticas públicas. “Estamos dialogando para organizar uma estrutura e analisar a ampliação do plano e atender ainda mais comunidades. É importante que esse modo de fazer política também se perpetue”, afirmou.
O diretor-executivo da Fiocruz, Juliano Lima, destacou que a articulação entre instituições científicas, governo e sociedade civil foi essencial para enfrentar a crise sanitária. “Não dá para falar mais da construção do Sistema Único de Saúde sem um olhar especial para as favelas”, afirmou.
Debates e perspectivas
O evento contou com três mesas temáticas que abordaram desde a origem do plano durante a pandemia até os avanços obtidos na promoção da saúde integral e a formulação de uma agenda permanente para as favelas. Participaram representantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), do Centro de Cultura Popular da Baixada Fluminense, da Coletiva Periferia Viva de Angra dos Reis, entre outros coletivos e universidades.
Para Alan Brum, do Instituto Raízes em Movimento, do Complexo do Alemão, a consolidação do plano como política pública depende da continuidade da integração entre ciência e comunidades. “De braços dados com a ciência e a academia, podemos produzir algo com validade e estrutura técnica para ser protagonista nessas articulações junto ao poder público”, afirmou.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/ex-ministra-nisia-trindade-e-homenageada-em-evento-que-marca-cinco-anos-do-plano-de-saude-nas-favelas/
